Palmas Empresas (TO) – A empresa suíça EuroChem, que fatura US$ 6 bilhões por ano com a venda de fertilizantes, tem planos de dobrar sua operação no Brasil até 2024 por meio da Fertilizantes Tocantins (FTO).
Desde 2016, a companhia já detinha uma fatia de 50% mais uma ação na FTO e teve a aquisição total, de valor não revelado, aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) no fim de julho.
No ano passado, com 8% de participação de mercado no Brasil, a FTO faturou R$ 4 bilhões com a entrega de 3 milhões de toneladas de fertilizantes a seus clientes finais e 1 milhão de toneladas a terceiros. Em quatro anos, o objetivo é dobrar cada um dos dois negócios. Além do mais, o número de funcionários deverá subir de 800 para 1,7 mil.
Mercado brasileiro
Segundo o CEO da nova empresa, que foi batizada EuroChem Fertilizantes Tocantins, Lieven Cooreman, a meta, daqui quatro anos, é ter 15% de participação num mercado de 40 milhões de toneladas no Brasil.
No cargo há seis meses, ele está otimista e espera que o mercado sul-americano, liderado pelo Brasil, já seja o maior para a EuroChem até o fim do ano.
Após investir R$ 210 milhões em três fábricas ao longo dos últimos anos – em Sinop (MT), Catalão (GO) e Araguari (MG) -, a FTO tem estrutura capaz de produzir 3,7 milhões de toneladas de fertilizantes por ano, o que deve sustentar a primeira etapa de crescimento da EuroChem.
Para Cooreman, “Não podemos nos contentar com os locais onde estamos se queremos dobrar de tamanho. Por isso, uma alternativa é construir novas misturadoras e armazéns ou aproveitar para fazer aquisições oportunas”, afirma o CEO, que mira potenciais compras durante a pandemia. Nesse sentido, uma relação de prospectos está sendo levantada e o alvo são misturadoras na região Centro-Norte, revela.
Atualmente com nove unidades de produção de fertilizantes, três delas portuárias – em São Luís do Maranhão (MA), Barcarena (PA) e Araguari (MG) -, a empresa está presente em sete Estados (os três já citados e Tocantins, Bahia, Mato Grosso e Goiás).
Cooreman explica que com a compra ou a construção de novas unidades, o objetivo é otimizar a logística da EuroChem para garantir maior competitividade de sua operação em termos de custo, velocidade de entrega e qualidade. “Logística é quase tudo no negócio de fertilizantes. Quanto menos pontos de carregamento, melhor”, aponta o executivo.
Um exemplo prático de otimização, é a unidade de Araguari. No caso, o produto, que sai da Rússia, viaja por via férrea até o porto local e, no Brasil, após ser descarregado em Vitória (ES), sobe novamente nos trilhos. Em Araguari, entra na fábrica sem muito esforço, carregado por correias transportadoras.
Em relação à internacionalização de matérias-primas, os modais ferroviário e aquaviário já respondem por 70% das movimentações da FTO no Brasil.
Produtos de valor agregado
Investir em produtos de maior valor agregado – além dos commodities, carro-chefe da FTO até agora – e no desenvolvimento de novas formulações, fazem parte dos planos da empresa para impulsionar o crescimento da EuroChem Fertilizantes Tocantins no país.
O foco continuará nas culturas de soja e milho, que respondiam por 75% a 80% das vendas, à frente de algodão, cana-de-açúcar, arroz e café, que, juntos, correspondem a mais 10%.
Conforme explica Cooreman, a EuroChem entrou de cabeça no Brasil porque já tinha uma base de produção e distribuição sólida na Europa, sendo seu objetivo principal se fortalecer em mercados com liquidez.
A companhia conta com quatro minas: três na Rússia (duas de potássio, em VolgaKaliy e Usolskiy, e uma de fosfato, em Kovdorskiy) e outra no Cazaquistão, de fosfato.
“Queremos ser os maiores do mundo até 2025”, diz Cooreman. Embora tenha comercializado 16 milhões de toneladas de fertilizantes em 2019, a EuroChem informa que sua capacidade já soma 25,5 milhões de toneladas. No ano passado, Yara (38 milhões de toneladas), Nutrien (27 milhões) e Mosaic (25,2 milhões) tiveram as vendas mais robustas do mercado.