O Brasil pode se beneficiar com o avanço dos instrumentos de precificação de carbono e caminha em direção a um mercado nacional regulado. É o que revela o estudo da Strategy&, consultoria estratégica da PwC, “Cenários de descarbonização: oportunidades e incertezas da precificação de carbono“, que traz como as empresas brasileiras podem ser impactadas, direta ou indiretamente, pelo mercado de carbono.
O estudo sugere ações relacionadas à preparação dessas companhias para o novo contexto regulatório de baixo carbono, buscando oportunidades para inovar seus modelos de negócios e investir em novas tecnologias. “Nos últimos anos observamos um aumento expressivo de governos e empresas que assumiram compromissos públicos para reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE), mas as ações tomadas foram insuficientes para conter a crise climática global e restringir o aumento de temperatura a 1,5°C, como previsto no Acordo de Paris”, explica Adriano Correia, sócio e líder para indústria de energia e serviços de utilidade pública da PwC Brasil.
Os instrumentos de precificação de carbono, como mercados e taxas, estão entre as ferramentas mais relevantes para alavancar a redução das emissões e o avanço de tecnologias voltadas à economia de baixo carbono. “A expectativa é de que, nos próximos anos, a movimentação financeira dos instrumentos de precificação de carbono continue a crescer, mas isso depende de diferentes variáveis como o avanço das regulações globais, da tecnologia, do comprometimento do setor privado e dos preços de carbono”, explica, Bruna Dias, gerente da Strategy&, uma das autoras do estudo.
Analisando, ainda, o desafio de descarbonização global, o potencial financeiro para os instrumentos de precificação de carbono regulados e voluntários nos próximos anos, Bruna Dias destaca que é necessária uma movimentação de mais de US$ 8 trilhões anuais.
“O potencial do Brasil é enorme. Empresas brasileiras de diversos setores econômicos podem ser impactadas pelo mercado de carbono direta ou indiretamente. É urgente a tomada de ações relacionadas à preparação para o novo contexto regulatório de baixo carbono, buscando oportunidades para inovar seus modelos de negócios e investir em novas tecnologias” , diz.
Precificação do Carbono: ferramenta no combate às mudanças climáticas
Instrumentos de precificação de carbono têm se tornado cada dia mais conhecidos. A ideia central é capturar os custos externos das emissões de gases de efeito estufa. Estabelecer um sistema de precificação de carbono estimula a redução de emissões, na medida em que onera financeiramente os responsáveis pela mudança do clima e contribui para o avanço de tecnologias voltadas à redução e captura de carbono.
“Estabelecer um preço adequado sobre as emissões de GEE é de fundamental relevância, mas há obstáculos a serem superados para contribuir efetivamente”, afirma Adriano Correia, sócio da PwC Brasil.
Segundo ele, considerando os acontecimentos globais, os resultados da COP28 (última conferência das partes sobre mudanças climáticas, organizada pelas Nações Unidas e realizada no início de dezembro de 2023) e as tendências de redução de emissão, o cenário que restringe o aumento de temperatura a 2,5°C tem se mostrado mais provável do que o cenário de 1,5°C.
“O Brasil, além de precisar agir para reduzir as próprias emissões, tem o potencial de suprir parte significativa da demanda mundial por créditos de carbono, em especial por meio de soluções baseadas na natureza”, explica.
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