Por Marcondes B. Moraes
A falta de disponibilidade em navios para o transporte de mercadorias tem prejudicado exportações. Só no agronegócio o prejuízo chegou à casa de US$1bi. Foi o que mostrou o estudo da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que fez uma estimativa de recursos que deixaram de entrar no país em casos em que os embarques não ocorreram por falta de contêineres e espaços, mas desconsidera despesas como multas e demurrage.
Não sabemos até quando os efeitos da pandemia irão durar. A retomada dos negócios entre os países após períodos de retração por causa da pandemia gerou no Brasil uma demanda maior do que a capacidade de transportar os produtos. Um exemplo do estrago é que as companhias marítimas, pelo menos a segunda maior do mundo, cancelaram diversas reservas em Dezembro. Isso é grave!
O estudo mostrou ainda que em casos de exportações em setores como aves, ovos e suínos, o impacto (de janeiro a julho) foi estimado em US$ 436,9 milhões. O setor de café já indicou que sua receita foi prejudicada em cerca de US$ 500 milhões entre maio e agosto – período em que ficou evidenciado o aperto. Nas de tabaco os impactos foram de US$ 170 milhões entre junho e julho. De janeiro a agosto, o agronegócio brasileiro exportou US$ 83,6 bilhões.
A fim de amenizar os prejuízos, integrantes do setor têm buscado dialogar com o setor público. É preciso unir forças e traçar um plano para estancar a sangria e viabilizar uma forma de escoar toda essa mercadoria. Isso é urgente.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a situação vem sendo monitorada pela Comissão Marítima Federal (FMC, na sigla em inglês), órgão regulador da atividade no país, que vem tentando reduzir as perdas no setor americano.
Do lado de cá da América o que vemos na prática é uma intensa concentração existente no transporte marítimo. Como é possível exercer livre mercado se 65% do mercado mundial está nas mãos de apenas cinco armadores? Além disso, o Brasil sai em desvantagem por ter apenas 1 porto de grande porte e uma extensão continental. O governo precisa encontrar maneiras não apenas de possibilitar que novos players entrem neste mercado, como também criar incentivos para que os atuais fornecedores garantam maior disponibilidade e ampliar novos portos.
Marcondes B. Moraes
Graduado em Relações Públicas, MBA em Gestão Empresarial, MBA Gestão Comercial, MBA Finanças para Executivo e Presidente Executivo do Instituto Brasileiro do Crisotila.