
Camila Hermano
Advogada, Mestre em Direito Internacional, Investimentos, Comércio e Arbitragem (Universidad de Chile e Heidelberg University), Especialista em Direito Tributário Internacional (FGV/SP), Direito de Startups, Private Equity e Venture Capital (Insper).
Um país diminuto em dimensões, mas grandioso por suas realizações, Cingapura há muito conquistou a reputação de uma das economias mais avançadas do mundo, representando hoje um importante centro financeiro na região da Ásia-Pacífico.
Depois de deixar para trás o domínio britânico e conseguir a independência da Malásia em 1965, Cingapura entrou no período de transformação e ascensão, liderada pelo primeiro ministro Lee Kuan Yew, o arquiteto do chamado “milagre econômico”, que elaborou um extenso programa de reformas para que aquele país deixasse de ser um literal pântano de miséria e enfim se tornasse um país industrializado e moderno.
A mudança iniciou-se com a promoção de grandes programas de geração de emprego e forte investimento social em habitação, saúde e educação, além de uma rígida política social, marcada por um amplo controle de combate à corrupção, que era usual quando ainda colônia.
Tive a sorte de ter como cliente uma importante empresa de Cingapura, que foi criada justamente para planejar e implementar o desenvolvimento do país.
Há alguns anos, ladeei empresários e representantes do governo e políticos goianos em uma missão internacional até Cingapura. Todos pudemos compreender in loco o impulso tomado por um país que tem o tamanho de Goiânia e pouco mais de 5 décadas de independência da Malásia.
Pouco tempo depois da nossa ida ali, o então representante da empresa foi convidado a palestrar na FIEG, pelo conhecido empresário do ramo da construção: Ilézio Inácio.
O palestrante, antes cliente e hoje amigo saudoso, descreveu com maestria as etapas de desenvolvimento de Cingapura. Inicialmente, o país se dedicou à manufatura com uso intenso de mão de obra para exportar para mercados em países desenvolvidos; concedeu generosos incentivos aos investidores estrangeiros para que se instalassem no país, permitindo livre fluxo de capital, assinou importantes acordos de livre comércio com os Estados Unidos, a China, a Associação das Nações do Sudeste Asiático e a União Europeia.
Em todo o tempo, Cingapura salvaguardou terras pensando em sua utilidade a curto, médio e longo prazo, sempre com o mote de desenvolvimento urbano voltado para o desenvolvimento econômico. No final da década de 1990, o país entrou em um novo estágio da economia que o levou a se tornar um centro financeiro global. Ali, o modo de fazer negócios é extremamente dinâmico. Logisticamente, tornou-se hub importantíssimo para a passagem das mais diversas mercadorias e presta-se como sede de prestadores de serviços de altíssima tecnologia.
Apesar de seu pequeno mercado interno e da falta de recursos naturais, Cingapura renasceu com os olhos voltados para o mundo e impulsionou-se justamente por essa estratégia de benchmarking e planejamento efetivamente cumprido: plano de Estado e não de governo.
Internacionalizar-se foi o caminho (certeiro) que Cingapura encontrou para um crescimento sólido e duradouro, sem esquecer da efetiva valorização de seus locais.
Em razão de seu dinamismo e inovação nos negócios, entre conhecidos costumo mencioná-la como a Nova York do oriente. Não vejo a hora de revisitar aquela maravilha. Quem vem comigo desta vez?