Goiânia Empresas (GO) – Apesar da adoção mais rápida que outros países, o Open Banking ainda é pouco evidente no dia a dia dos brasileiros. Banco Central, bancos e fintechs defendem que o processo é uma “maratona” e os resultados serão percebidos pouco a pouco pela população. Mas há a expectativa de que alguns efeitos já sejam sentidos no início do ano que vem.
Na avaliação do diretor de Inovação, Produtos e Serviços Bancários da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Leandro Vilain, os clientes já devem começar a usufruir de algumas facilidades para fazer pagamentos e transferências via Pix, possíveis pela fase 3 do Open Banking, em cerca de dois meses.
É provável que o cliente possa pagar uma compra em um e-commerce sem precisar entrar no aplicativo do banco, apertando apenas um botão. Ou, caso tenha conta em mais de uma instituição, vai poder fazer uma transferência de uma usando o saldo da outra.
“Acho que é viável sim [em dois meses], por meio de aplicativos de agregadores financeiros do próprio setor bancário, que vão permitir a consolidação de operações de mais de uma conta bancária. O banco A pode disponibilizar o agregador, em que o cliente poderá ver o extrato do banco A e o do banco B. Será ótimo principalmente para o microempresário, que tem muito trabalho nessa conciliação”, explica Vilain.
Para essas transações funcionarem, porém, é preciso da intermediação das chamadas iniciadoras de pagamento, que podem ser instituições financeiras ou não financeiras autorizadas pelo BC e têm de estar em plena operação.
A expectativa da Febraban é de que, na virada do ano, isso ocorra. Segundo o BC, já há iniciadores de pagamento autorizados e outros com pleito em análise pelo regulador.
Cadastro em e-commerce para Open Banking
Após essa fase, no caso do e-commerce, será necessário cadastrar as lojas. “Devem estar disponíveis nos próximos meses para os clientes em alguns sites de comércio eletrônico e em transações dentro dos próprios bancos. Mas vai começar de forma pequena, iniciando, por exemplo, com um banco”, reforça Vilain, que relaciona o potencial de transformação do Open Banking ao da internet para o setor.
“O Open Banking é como a chegada da internet. Na década de 1980, ninguém sabia direito para que servia aquilo, mas sabia que tinha potencial. Hoje, 67% das transações bancárias são feitas no internet banking ou no celular. Pouco a pouco, os produtos com Open Banking vão começar a surgir”, completa, ressaltando a preocupação dos bancos com os protocolos de segurança para proteger os dados dos clientes.
Da mesma forma, Rogerio Melfi, coordenador do Grupo de Trabalho de Open Banking da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), afirma que as instituições financeiras já estão preparadas para fazer as movimentações, mas é preciso esperar a “evolução natural do mercado” dos iniciadores de pagamento.
“Temos a expectativa que comece no final deste ano, com volume mais significativo de clientes no próximo ano. O Open Banking é uma maratona. Tem evoluído, conforme o crescente número de conexões, mas tem muita corrida pela frente. Estamos terminando o primeiro ano com alguns sabores, mas mais 12 meses à frente os benefícios para o consumidor serão mais tangíveis.”