No dia 01 de setembro, última sexta feira, o IBGE divulgou o PIB para o 2º. trimestre de 2023, esse indicador estava sendo esperado por todo o mercado financeiro, a previsão, conforme divulgado aqui na semana passada, era de um crescimento entre 0,10% e 0,50%. O resultado veio muito melhor do que o esperado, o PIB cresceu 0,9% no 2º. trimestre em relação ao 1º. que já havia crescido 1,9%. Com isso o PIB acumulado nos últimos 4 trimestres comparados com os 4 trimestres anteriores cresceu 3,2%. Com isso o mercado financeiro “saiu correndo” para atualizar as suas projeções para 2023, o Goldman Sachs elevou a previsão de 2,7% para 3,25%. A agência de classificação de risco Austin Rating já prevê que o Brasil retorne, ainda esse ano, ao grupo das 10 maiores economias do mundo
Outras informações da semana que passou, no campo real da economia, o desemprego caiu para 7,9% no trimestre finado em julho de 2023, menor índice desde julho de 2014. A renda média real da economia cresceu 5,1% no trimestre findado em julho de 2023, no campo das finanças públicas, a dívida pública bruta atingiu 74,1% do PIB, enquanto a líquida atingiu 59,6% em julho de 2023, o déficit primário acumulado nos últimos 12 meses foi de R$ 80,520 bilhões, 0,78% do PIB, enquanto o déficit nominal, que inclui os pagamentos de juros (exorbitantes) foi de R$ 721,797 bilhões, 6,96% do PIB. É importante acompanharmos esse indicador, déficit primário, pois enquanto o mercado está projetando déficit da ordem de 1%, o governo está projetando déficit na ordem de 0,5% e o realizado nos últimos 12 meses foi de 0,78%. O mais importante ainda que a projeção desse indicador para 2024 pelo governo é de zerar o déficit, enquanto o mercado projeta déficit de 0,71% essa semana, já reduzindo em relação a semana anterior que era de 0,75% do PIB.
Essas informações são importantes, pois a discussão será acirrada a partir de agora em torno da tributação de aplicações financeiras até então incentivadas. O governo quer tributar as aplicações em offshore, nos fundos imobiliários e agronegócios, bem como, antecipar a tributação dos fundos exclusivos, tudo isso a partir de janeiro de 2024, com isso o governo objetiva buscar recursos para o déficit de R$ 168 bilhões previstos para 2024 no sentido de zerá-lo.
No Relatório Focus divulgado no dia 04 de setembro a novidade foi o crescimento da projeção do PIB para 2023 de 2,31% para 2,56% influenciado pela divulgação do PIB do 2º. trimestre na última sexta feira. A previsão do IPCA de 2023 sofreu um pequeno aumento de 4,90% para 4,92% e outro pequeno aumento para 2024 de 3,87% para 3,88%. Mantiveram-se as previsões de 2025 e 2026 em 3,50%, respectivamente.
As projeções da Taxa Selic continuaram as mesmas, 11,75%, 9,00%, 8,50% e 8,50% para os anos de 2023, 2024, 2025 e 2026, respectivamente. Para o crescimento do PIB para os demais anos mantiveram praticamente os mesmos da semana anterior, pequena redução para 2024 de 1,33% para 1,32% e para 2025 e 2026 projeções de 1,90% e 2,00%, respectivamente. Com as previsões da Selic e com a previsão da inflação para os próximos 12 meses, a taxa de juros reais da economia, calculada pela coluna é de 6,67% ao ano.
Quando se analisa a curva de juros do Brasil para os próximos anos, janeiro de 2024 de 12,27%; janeiro de 2025 de 10,59%; janeiro de 2026 de 10,235% e janeiro de 2027 de 10,415%, os juros reais inclusos nessas taxas são de 6,54% ao ano, bem próximo da taxa de juros calculada pela coluna de 6,68%.
Marcos Freitas Pereira
Natural de São Paulo, acumula mais de 40 anos de experiência no mercado. Doutorando em Turismo, Mestre em Finanças e economista. Fundador e atual sócio da AM Investimentos e Participações que investe em clínicas médicas, turismo, gastronomia e lazer e entretenimento. Foi também fundador da WAM Brasil maior comercializadora de multipropriedade turismo imobiliário do mundo.