Nessas duas últimas semanas o mercado financeiro mundial apresentou suas contradições, ou seja, não é prerrogativa exclusiva do mercado financeiro brasileiro. Em ordem cronológica, o Banco Central dos EUA, no final do julho, manteve inalterado, pela 8ª. vez consecutiva, a sua taxa de juros de referência entre 5,25% e 5,50% ao ano, a justificativa da manutenção foi de que a atividade econômica americana continua a se expandir em ritmo forte. Apesar disso, há previsão do início da queda a partir de setembro.
Na Europa a taxa de juros manteve-se em julho em 3,75% ao ano, após o corte de 0,25% no mês de junho.
Já no Brasil, na última reunião do COPOM, no final de julho, manteve a taxa básica de juros em 10,50% ao ano justificada por preocupação com a inflação e com a política fiscal do Governo Lula.
Apesar do cenário exposto acima, 9 dias atrás, no dia 5 de agosto, a bolsa do Japão teve uma queda de 12%, sistematizando para todas as bolsas do mundo, Nasdaq, S&P 500, Dow Jones e B3. A origem e a explicação da queda foi o temor de uma possível recessão nos Estados Unidos da América. Essa foi a notícia espalhada no dia para todo o mundo.
Como assim? Uma semana antes do crash da bolsa do Japão, o Banco Central dos EUA havia mantido os juros por perceber que a atividade econômica estava ainda acelerada.
A grande verdade do crash da bolsa do Japão, segundo o economista Luiz Gonzaga Belluzzo em um excelente artigo na revista Carta Capital, é de que muitos investidores japoneses tomaram dinheiro no Japão, quando os juros estavam negativos, últimos 8 anos, e aplicaram em economias em taxas de juros positivas. Segundo o economista algo em torno de US$ 20 trilhões negociados ao longo dos anos. E quando o Banco Central do Japão resolveu aumentar a sua taxa de juros de negativa para 0,25% ao ano, houve essa venda de títulos que fez com que a bolsa caísse 12% no dia.
Portanto, não desacreditando que a economia norte americana possa entrar em recessão, apesar dos indicadores macroeconômicos não atestarem isso, a crise da bolsa do Japão que se estendeu para o mundo do famoso dia 05 de agosto foi devido a um fator pontual da economia japonesa.
Voltando ao Brasil e voltando para a economia real, no dia 12 de agosto a ONU divulgou que o Brasil está próximo de deixar o Mapa da Fome. No período de 2021-2023, média móvel de 3 anos apresentou valor de 3,9% quando o máximo para sair da fome é de 2,5%. Acredita-se que ainda esse ano possa ser atingido esse patamar.
As projeções realizadas no relatório Focus divulgado no dia 09 de agosto trouxeram variações em relação à semana anterior. Para o PIB de 2024, manteve-se em 2,20%, para 2025 manteve-se em 1,92% e manutenção das previsões para os anos de 2026 e 2027 em 2%. Já para a inflação, a previsão de 2024 aumentou de 4,12% para 4,20%; 2025 reduziu de 3,98% para 3,97%, 2026 manteve em 3,60% e 2027 manteve-se a projeção de 3,50%.
As projeções da Taxa Selic, 2024 manteve em 10,50%, 2025 manteve em 9,75%, 2026 e 2027 mantiveram-se 9,00%. Com as previsões da Selic e o aumento da previsão da inflação para os próximos 12 meses de 3,72% para 3,73%, a taxa de juros reais da economia, calculada pela coluna reduziu para 6,32% ao ano. A taxa prevista para o final do ano, com Selic em torno de 10,50%, equivalerá taxa de juros reais de 6,56%, ainda acima da taxa de juros reais neutra divulgada pelo Banco Central que é de 4,5%.
Quando se analisa a curva de juros do Brasil para os próximos anos, o mercado reduziu as suas previsões, baixando das taxas de 12% ao ano: janeiro de 2025 em 10,72%; janeiro de 2026 em 11,35%; janeiro de 2027 em 11,29%; janeiro de 2028 em 11,32%; janeiro de 2029 em 11,355% e janeiro de 2034 em 11,32% (Cotações – Juros Futuros – Ferramentas | InfoMoney), os juros reais inclusos nessas taxas são de 7,36% ao ano. Já as taxas dos títulos dos Estados Unidos negociadas para 2 anos são de 3,939% e para 10 anos são de 3,832% ao ano, apresentando redução em relação à semana anterior, baixando das taxas de 4% ao ano.
Ainda pelo relatório Focus as previsões do resultado primários foram, 2024 de -0,69% do PIB, 2025 de -0,70%, 2026 de -0,50% e 2027 de -0,31%.
Abaixo, a tabela das projeções dos indicadores econômicos para 2024 com a atualização do Relatório Focus e a manutenção das previsões da coluna.
Abaixo, quadro de projeção do IPCA até o final de 2024 para eventuais cálculos de projeções.
Marcos Freitas Pereira
Natural de São Paulo, acumula mais de 40 anos de experiência no mercado. Doutorando em Turismo, Mestre em Finanças e economista. Fundador e atual sócio da AM Investimentos e Participações que investe em clínicas médicas, turismo, gastronomia e lazer e entretenimento. Foi também fundador da WAM Brasil maior comercializadora de multipropriedade turismo imobiliário do mundo.
_______
LEITORES ESTRATÉGICOS
Participem do canal STG NEWS – o portal de notícias sobre estratégia, negócios e carreira da Região Centro-Oeste: https://x.gd/O20wi