Concordo que o título da coluna desta semana é muito forte, porém, é o sentimento de vários empresários, economistas e políticos que privilegiam a produção real da economia com objetivo de aumento do consumo, de emprego e dos investimentos.
O mercado financeiro selvagem, não é apenas “privilégio” do Brasil, essa selvageria está intrínseca em todos os mercadores financeiros do mundo, a financeirização dominou os mercados.
O mercado se acha o dono da verdade, possuidor da melhor bola de cristal que já existiu, porém, nos últimos anos no Brasil acertou poucas previsões do mercado real da economia. No linguajar deles, a prefixação não tem sido muito eficiente deles não.
Por que esse desagravo? O mundo está passando por um momento de turbulências, que é muito normal das últimas décadas: a guerra na Faixa de Gaza, a entrada do Irã na guerra e possível consequência da elevação do preço do petróleo; associado ao crescimento surreal da economia americana, elevado índice de emprego e a queda lenta da inflação, seguram a redução das taxas de juros, em consequência valorização do dólar no mundo todo e desvalorização do real. No mundo interno do Brasil o governo altera as metas fiscais de 2025 e 2026, prevendo déficits demonstrando sua incapacidade de controle fiscal.
Diante de tudo isso, mesmo o mercado financeiro que nunca acreditou nas metas fiscais do governo, é só olhar as previsões para os déficits primários para os próximos anos, cria uma “atmosfera selvagem” para aumentar as previsões das taxas de juros de 9% para 9,5% e alguns bancos para 9,75% para o final de 2024, baseado em que, juros tem como objetivo controlar preços, esses estão fora do controle? A previsão de inflação para os próximos 12 meses é de 3,56%, ou seja, dentro do intervalo da meta e com a possibilidade de atingir a meta de 3%.
O governo alterou a meta fiscal de 2025 de superávit de 0,5% para uma meta zero, ou seja, déficit de R$ 50 bilhões.
E o que faz o mercado financeiro ao aumentar as taxas de juros de 0,5% a 0,75% ao ano? Pressiona o Banco Central do Brasil a sancionar as suas previsões selvagens e, por outro lado, aumenta a conta de juros entre R$ 40 a 60 bilhões, além de inibir investimentos, pois a taxa de juros real aumenta e se isola no mundo como a maior taxa: 6% ao ano.
O mercado e a imprensa neoliberal só não explicam que o que interessa para medir a saúde financeira do governo é o déficit nominal e não só o déficit primário. O déficit nominal é composto por 90% das despesas de juros e 10% do déficit primário. Então esse aumento da taxa de juros sem nenhum embasamento técnico, somente a título de precificação, onera a situação do governo de uma maneira significativa. Segundo o economista Paulo Nogueira Batista Jr. sobre as hipocrisias do mercado e da mídia: “A preocupação deles é realmente com o risco fiscal? Esse risco depende, claro, do tamanho da dívida pública. O que nem sempre se frisa é o déficit relevante não é o primário, mas o déficit total, que incluí também os juros da dívida. O aumento da dívida corresponde ao déficit total, que é, por definição, a soma do déficit primário e das despesas líquidas de juros. Ora, isso significa que mesmo com um superávit primário ou déficit pequeno, a dívida pode crescer rapidamente se a despesa financeira for pesada.”
É de suma importância que possamos conhecer esses meandros da economia brasileira para não sofrer apagões que o mercado e a mídia neoliberal tentam envolver-nos. O que faz o PIB crescer é a economia real.
E para falar em economia real, segundo estudo realizado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate a Fome (MDS) e da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV) existem 8,1 milhões de crianças (de 0 a 6 anos) sem nenhum auxílio de programa de transferência de renda, como o Bolsa Família.
Diante desse cenário vamos ceder ao mercado financeiro selvagem por lucros maiores em detrimento as nossas crianças que não terão futuro amanhã?
As projeções realizadas no relatório Focus divulgado no dia 19 de abril trouxeram pequenas variações em relação à semana anterior. Para o PIB de 2024 houve crescimento da previsão de 1,95% para 2,02%, houve manutenção das previsões para os anos de 2025, 2026 e 2027 em 2%. Já para a inflação, a previsão de 2024 aumentou de 3,71% para 3,73%; 2025 aumentou de 3,56% para 3,60% e 2026 e 2027 mantiveram-se as projeções de 3,50%.
As projeções da Taxa Selic sofreram alterações, 2024 passou de 9,13% para 9,50%, 2025 passou de 8,50% para 9,00%, e 2026 e 2027 manutenção da projeção em 8,5%. Com as previsões da Selic e o aumento da previsão da inflação para os próximos 12 meses para 3,56 %, a taxa de juros reais da economia, calculada pela coluna aumentou para 6,06% ao ano. A taxa prevista para o final do ano, com Selic em torno de 9,50%, equivalerá taxa de juros reais de 5,80%, ainda acima da taxa de juros reais neutra divulgada pelo Banco Central que é de 4,5%. Portanto essa é a tendência das taxas de juros reais do Brasil, porém, para esta coluna é de que ela se estabilize em torno de 8% ao ano e não em 9,50% ao ano até o final do ano de 2024.
Quando se analisa a curva de juros do Brasil para os próximos anos, o mercado oscilou para baixo as suas previsões: janeiro de 2025 em 10,32%; janeiro de 2026 em 10,57%; janeiro de 2027 em 10,88%; janeiro de 2028 em 11,15%; janeiro de 2029 em 11,335% e janeiro de 2034 em 11,54% (Cotações – Juros Futuros – Ferramentas | InfoMoney), os juros reais inclusos nessas taxas são de 6,85% ao ano. Já as taxas dos títulos dos Estados Unidos foram negociadas para 2 anos é de 4,950% e para 10 anos é de 4,630% ao ano, apresentando redução em relação à semana anterior.
Ainda pelo relatório Focus as previsões do resultado primários foram, 2024 de -0,70% do PIB, 2025 de -0,60%, 2026 de -0,50% e 2027 de -0,23%.
Abaixo, a tabela das projeções dos indicadores econômicos para 2024 com a atualização do Relatório Focus e a manutenção da coluna. O que se constata que o cenário positivo da economia brasileira está influenciando, a cada semana, a melhora das projeções do relatório Focus.
Abaixo, quadro de projeção do IPCA para os próximos 3 meses, conforme relatório FOCUS para eventuais cálculos de projeções.
Abaixo, para efeito de consultas, a coluna divulga o quadro de indicadores econômicos e índices.
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Marcos Freitas Pereira
Natural de São Paulo, acumula mais de 40 anos de experiência no mercado. Doutorando em Turismo, Mestre em Finanças e economista. Fundador e atual sócio da AM Investimentos e Participações que investe em clínicas médicas, turismo, gastronomia e lazer e entretenimento. Foi também fundador da WAM Brasil maior comercializadora de multipropriedade turismo imobiliário do mundo.