Goiânia Empresas (GO) – Com 24 anos, Matheus Lino é um jovem empreendedor que valoriza o campo. Ele já trabalhou na cidade, mas resolveu voltar às origens do campo. O pai dele sempre produziu leite, na propriedade da família que fica 60 quilômetros de Brasília e que vem passando de geração em geração. Mas Matheus informa que a venda para os laticínios não estava compensando os custos com o rebanho. ‘Com o Senar Goiás, passamos a ter a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) e hoje produzimos 320 litros de leite por dia, que deverão ir para a fábrica de queijos artesanais que resolvemos montar”.
Para a atividade, ele adquire mais leite de outros fazendeiros da região e com isso consegue fazer, diariamente, 60 quilos de queijo coalho e outros 250 de queijo minas. Segundo Matheus, o trabalho não é nada fácil para conseguir ter um produto de qualidade e esbarra ainda em obstáculos, como a fiscalização do Ministério da Agricultura. “Há dois meses eu perdi 300 quilos de queijo. Os fiscais ficam parados em pontos estratégicos na rodovia e como nosso produto é artesanal, acaba sendo aprendido mesmo a gente seguindo todo o controle de qualidade. Eu quero muito conseguir o Selo Arte para minha fábrica. Agora, com a nova assistência do Senar Goiás, que vai começar a me acompanhar, eu espero regularizar tudo e levar meus produtos para Brasília com mais tranquilidade”.
Além das cadeias de Apicultura, Fruticultura, Horticultura, Pecuária de Corte, Pecuária de Leite e Piscicultura, o Senar Goiás está ampliando a assistência técnica e gerencial com a nova área de Agroindústria Artesanal. A novidade, que chega para ajudar pessoas como Matheus, será um projeto piloto que começará pela região de Alexânia e vai acompanhar produtores da Agroindústria Artesanal de Queijos. “Esse projeto começou em Minas Gerais, por meio do Senar Central. Agora, conseguimos trazer e começar por Alexânia. Mesmo estando perto de Brasília, com um grande mercado consumidor, o produtor não consegue vender seus produtos em mercados, empórios e comércios do tipo por falta de inspeção”, explica Armando Rollemberg Neto, vice-presidente administrativo da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e presidente do Sindicato Rural de Alexânia.
O projeto piloto deve começar a partir de setembro com cerca de 20 agroindústrias artesanais que estão sendo mobilizadas pelo Sindicato Rural de Alexânia. O principal objetivo é que consigam o Selo Arte, que irá regularizar a inspeção. “Com isso os produtores vão poder vender em supermercados, restaurantes, no mercado formal em geral e em outros municípios, tendo a melhoria da renda e sem o risco de ter toda a produção apreendida na divisa”, detalha Armando.
Selo Arte
A Instrução Normativa 06/2019 da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), jurisdicionada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), foi assinada em dezembro de 2019 e regulamenta a implantação do Selo Arte em Goiás. A medida é voltada à fabricação artesanal de queijos com o objetivo de regularizar a produção, gerando renda ao produtor e com a garantia de qualidade e controle de sanidade dos produtos ofertados à sociedade. Futuramente, outros produtos, como embutidos, pescados e mel, também deverão ser regulamentados.
O produto artesanal será identificado, em todo o Brasil, por um selo único com a indicação ARTE. Para ser enquadrado, a elaboração do produto de origem animal (POA) deverá ser realizada com predominância de matérias-primas de origem animal determinada, a partir de técnicas prioritariamente manuais e por quem tenha o domínio integral do processo. A fabricação deve ser individualizada e genuína, mantendo a singularidade e as características tradicionais, culturais ou regionais. Além disso, as matérias-primas de origem animal devem ser produzidas na propriedade onde se localiza a unidade de processamento ou com origem determinada.
O técnico de Campo do Senar Goiás, Allan Passos – que vai assistir os produtores, diz que o trabalho do Sistema Faeg Senar será voltado para que o produtor possa obter um produto com melhor qualidade, com boas práticas de fabricação e gestão. “Além das boas práticas e adequação de normas, vamos mostrar novas tecnologia de fabricação para que possam produzir outros queijos ou outros derivados. Com adequação ou a ampliação do leque faremos a agregação correta do valor de prateleira”.
5 mil produtores assistidos até o fim de 2020
A pandemia atrasou a expansão da Assistência Técnica e Gerencial. Com os decretos de isolamento social, os técnicos de campo não podiam visitar as propriedades, mas a partir do mês de julho, o Senar Goiás começou uma intensificação das mobilizações para a formação de novos grupos de produtores rurais interessados em fazer parte do programa Senar Mais. Atualmente, são 2,5 mil produtores assistidos nas sete cadeias, mas esse número deve dobrar até o fim do ano. “Vamos começar com 38 novos grupos, em setembro, e ainda temos a previsão de começar mais 60 grupos até o final do ano e com isso chegar aos cinco mil produtores ativos até dezembro e essa ampliação vai se estender até 2021”, informa Guilherme Bizinoto, gerente de ATeG do Senar Goiás.
Além do acompanhamento nas propriedades, mais de 50 técnicos de Campo e supervisores do Senar Goiás e estão passando por capacitação e treinamentos para ficarem aptos a ajudar os produtores assistidos na elaboração de projetos de custeio agropecuário e investimento, do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Isso foi possível por meio de parceria entre Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e o Banco do Brasil.“O técnico faz o monitoramento, auxilia o produtor na atividade produtiva e gestão. Identificando a necessidade, sendo o momento adequado, o técnico vai estar preparado para desenvolver o projeto da forma mais segura para que o produtor possa acessar o credito para expansão da sua atividade”, diz Guilherme.
Onde buscar os cursos e programas do Senar
Para ter acesso à Assistência Técnica e Gerencial do Senar Goiás basta entrar em contato o Sindicato Rural de sua região.