Um sonho que começou com a aposentadoria. Elza de Jesus Teixeira tinha a vontade de retornar para o interior e viver de agricultura familiar e sustentável quando aposentasse. O que ela não imaginava é que esse sonho não só se tornaria realidade como seria compartilhado com sua filha Ihasminy Teixeira e alcançaria voos tão altos. As duas contaram com a ajuda do Sebrae Goiás inclusive para a criação de uma associação.
Nessa primeira quinzena de outubro a Cooperativa Floryá, antiga Associação dos Agricultores Familiares de Bela Vista de Goiás (Afabev-GO), participa da feira Anuga, na Alemanha. A feira, além de uma plataforma para networking, também oferece insights sobre os desenvolvimentos pioneiros do setor alimentícios e é nessa pegada que a Floryá irá lançar na Alemanha seu novo produto: o mel.
O diretor superintendente do Sebrae Goiás, Antônio Carlos de Souza Lima Neto, destacou que o Sebrae tem esse propósito de incentivar os empreendedores do estado. “Esse é o nosso papel, realmente entender essa dinâmica e fazer com que o empreendedorismo seja cada vez mais fortalecido dentro do nosso estado de Goiás. A participação da Cooperativa Floryá na feira na Alemanha é uma demonstração de que nós estamos presentes hoje em todo o estado de Goiás, em todos os cantos, nos 246 municípios”, diz.
Ainda segundo Antônio Carlos, essa é uma demonstração muito importante das tendências. “A participação das mulheres cada vez mais à frente dos negócios, nos diversos segmentos, nos setores, seja no artesanato, seja na liderança de uma propriedade rural, seja na liderança de uma empresa. Ser selecionado para participar de uma feira internacional é o reconhecimento que a empreendedora vai ter dos seus clientes o trabalho cada vez mais ampliado. Esses feitos faz com que a que a gente possa cada vez mais empreender e ter o alcance desse nosso objetivo e do nosso propósito principal, que é fortalecer o empreendedorismo em todo o nosso estado de Goiás”, finalizou.
Sucesso construído por mãe e filha
A cooperativa, que este ano completa dois anos, começou pequena com pouco mais de 20 produtoras rurais e atualmente tem em torno de 60 associadas localizadas nas cidades de Bela Vista de Goiás, Caiapônia, Cristianópolis, Goiânia, Goiás, Mambaí e São Miguel do Passa Quatro. Mas a história começou com a criação da Afabev há cerca de 8 anos. De lá para cá, muitas histórias se passaram e a consolidação da associação resultou no surgimento da cooperativa.
“Eu pensei que minha filha iria seguir a carreira de corretora de imóveis e, quando a gente falou que vinha para a roça, ela disse que também vinha porque queria criar sua filha na roça. Foi todo um processo até nos estabelecermos aqui em Bela Vista e começarmos a produzir. A gente pensava que era só produzir, aprender a produzir e estava bom, só que enfrentamos a dificuldade de como vender. Os nossos colegas produtores falavam que produzir é fácil, difícil é vender. Foi aí que a gente começou a fazer os cursos do Sebrae e o professor disse que nosso grupo era muito coeso e que dava para nascer uma associação. No início tivemos uma certa resistência, mas depois aderimos à ideia e, a partir de um curso do Sebrae de Negócio Rural, nasceu a Afabev”, explicou.
Com a criação da associação os produtores foram estudar as políticas públicas para começar a trabalhar com o Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar). “A gente entrou com pouco produto para ir entendendo e logo entendemos como funcionava essa política pública, as cidades vizinhas já começaram a chamar a gente para entregar para eles. Além de trabalhar para o PNAE, a associação tinha esse delivery em Goiânia”, recordou.
Novamente, as associadas resolveram alçar voos ainda maiores e, há cerca de dois anos, criaram a Cooperativa Floryá com o objetivo de dar mais visibilidade para a mulher no campo, já que elas ainda são invisíveis, segundo Elza, mas com um papel fundamental desde as suas origens. “Queremos empoderar essas mulheres e trazê-las para a frente”, explicou a sócia-fundadora.
Elza afirma também que estão chamando muitas mulheres para estruturar melhor a produção delas. “Temos que cuidar da qualidade, orientar as produtoras, melhorar a produção para termos um ganho melhor. Nossa atividade é de alto risco, dependemos das condições climáticas para termos retorno. Mas com estudo e orientação técnica, que o Sebrae tem nos dado desde o início, temos tido bons resultados”, comemorou. A cooperada ainda complementou que a entrega tem ampliado. “Aprendemos a trabalhar com o PAA (Plano de Aquisição de Alimentos) e estamos entregando toneladas de alimentos. Agora também estamos com o PNAE de Goiânia que é uma entrega grande. Apesar de todas as dificuldades, graças a Deus tem dado certo”, finalizou.
A filha de Elza e presidente da cooperativa Floryá, Ihasminy Teixeira, disse que a oportunidade para ir para a Alemanha surgiu de um cadastro despretensioso da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) de Goiás, para inscrever cooperativas de agricultura familiar que tivessem interesse de participar. “Nunca imaginávamos que estaríamos entre as cooperativas selecionadas. Foi uma grata surpresa. A OCB nos forneceu uma consultoria e material bilingue dos folders, além de uma passagem e buscamos instituições para nos patrocinar. Conseguimos com o Ministério de Desenvolvimento Agrário por meio da Fundação RTV da UFG, com a professora Graciela, que está sempre trabalhando em prol da agricultura familiar, mais uma passagem e todas as despesas com hospedagem”, explicou.
Ihasminy explicou que a Anuga, na Alemanha, é a maior feira de alimentos e bebidas do mundo e que serão cinco dias de exposição. “A gente pretende, além de mostrar os nossos produtos, abrir essa porta para exportação, quem sabe captar alguns clientes, os nossos primeiros clientes exportadores. É uma expectativa grande, mas que acreditamos que vamos alcançar”.
Como sonhar e concretizar sonhos faz parte da rotina dessas mulheres, além da exportação, as cooperadas pretendem criar uma agroindústria com escola para incentivar as crianças a trabalhar na zona rural. “Estamos concretizando nossos sonhos um pouquinho a cada vez. Eu acredito nisso e aprendi com o Sebrae. Desde que começamos o Sebrae sempre nos deu apoio. Só tenho a agradecer”, finalizou a presidente.
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