
Viviana Melo
Advogada, DPO certificada pela Exin, LGPD Essencials pela Exin, membro da IAPP, professora, palestrante e consultora em Proteção de Dados.
Alguém que se interesse por esse título sabe o que é (ou foi) a enciclopédia Barsa e o seu significado para algumas gerações de estudantes.
A Wikipédia informa que a Barsa foi “Idealizada em 1959, por Dorita Barrett, (…) foi a primeira enciclopédia brasileira, desenvolvida por um corpo editorial brasileiro formado, dentre outros ilustres, pelo enciclopedista e tradutor Antonio Houaiss, o escritor Jorge Amado, o arquiteto Oscar Niemeyer e o jornalista e escritor Antônio Callado como o redator-chefe da primeira edição”. Foi lançada em 1964 e sua última edição datou de 2010.
Esse tipo de biblioteca em casa facilitou os estudos de muitos e deixou claro para outros que ter acesso ao conhecimento não era para qualquer um, custava caro. Sim, foi um símbolo de ostentação, ainda que a possuir fosse algo muito positivo. Foi algo louvável para uma época em que já havia o crescente acúmulo de conhecimento nas ciências de modo geral.
Somada às horas dedicadas nas bibliotecas das escolas e universidades, cada vez mais o conhecimento escrito foi deixando sua existência exclusiva em papel e sendo transferido para meios digitais. Se por um lado facilitou, por outro deu acesso a informações em excesso e em grande parte sem fundamento ético ou científico.
Hoje, o acesso à Internet passa de 59,5% da população mundial, considerando que a Pandemia acelerou mais ainda o crescimento desse número, segundo relatório We Are Social e HootSuite – Digital 2021 (We Are Social e HootSuite – Digital 2021 [Resumo e Relatório Completo] (amper.ag)), deixando claro o poder de influência das informações nos meios digitais.
No entanto, quando falamos sobre a realidade das pessoas que utilizaram a Barsa (nem que seja indo à casa de um colega que a possuía em casa), nota-se que a “passagem” do analógico para o digital lhes trouxe um novo entrave: a chamada Preguiça Digital.
Ela pode ser traduzida no hábito de usar a tecnologia, mas não querer aprender a usar. Ou seja, se faz um uso capenga, incompleto e talvez insuficiente. Rodeado de desconfiança e medo, é mais fácil dizer que é preguiça mesmo.
O fato é que conhecimento liberta do espinhoso lugar de incertezas e sentimentos de incapacidade.
Então, para que serve esse artigo? Discretamente encorajar uma geração de pessoas acima de 40 anos (últimos beneficiados da Barsa) a enfrentar suas limitações no uso da tecnologia.
Estamos falando de uma faixa etária que hoje movimenta economicamente o país, mas que não aproveita de maneira integral as funcionalidades e novas realidades trazidas pela tecnologia.
Talvez, por essa mesma razão, também não compreendam as leis que vieram tratar do tema e organizar a nova economia da informação no Brasil, como o Marco Civil da Internet e a LGPD.