Campo Grande Empresas (MS) – Cerca de 212 mil trabalhadores formais de Campo Grande estão paralisados até o dia 28 de março, conforme levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio (IPF-MS), com base nos dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Para restringir a circulação de pessoas e conter a propagação do coronavírus, a prefeitura decidiu antecipar cinco feriados na Capital.
“A pesquisa levou em consideração os dados de empregos formais e tiramos a participação dos segmentos que foram permitidos continuar em funcionamento, com isso, temos 212 mil trabalhadores formais que deverão ficar em casa durante a vigência do decreto”, explicou a economista Daniela Dias.
O número corresponde aos funcionários de carteira assinada que trabalham em empresas consideradas não essenciais, segundo o decreto publicado pela prefeitura. Os setores de bares e restaurantes representam grande parte do número de pessoas paradas.
A Prefeitura de Campo Grande publicou um decreto com medidas restritivas e ainda trouxe alguns serviços essenciais que estão permitidos a funcionar, com 40% da capacidade total. As regras começaram a valer na segunda-feira (22) e seguem até sexta-feira (26).
Conforme a medida, do dia 22 até o dia 26 de março serão antecipados os feriados dos dias 21 de abril, 3 de junho, 26 de agosto, 7 de setembro e 15 de novembro.
IMPACTOS
Daniela Dias pontuou que ainda é cedo para contabilizar quais serão os impactos da antecipação de feriados em Campo Grande na economia da cidade, porém, deve se esperar consequências no consumo, na empregabilidade e até mesmo nas vendas da Páscoa.
“Uma paralisação pode influenciar de muitas formas na economia local e na geração de emprego, afinal, todo o comércio está fechado, temos uma interferência significativa no quadro de funcionários e consequentemente podemos ter uma redução de oportunidades de trabalho”, pontuou a especialista.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Mato Grosso do Sul (Abrasel-MS), Juliano Wertheimer, o setor foi um dos que mais sofreu com a crise. Desde o início da pandemia, mais de três mil funcionários foram demitidos e essa nova parada preocupa.
“Os bares e restaurantes são extremamente atingidos pela crise, com essa nova paralisação, os funcionários ficam apreensivos em relação à continuação do trabalho, muitos empresários não querem chegar ao ponto de ter de dispensar pessoas por corte de custos, ninguém quer sacrificar a equipe, porém, a situação é preocupante”, pontuou.
Juliano explicou que, para conter os impactos da pandemia, estão em discussão com o governo do Estado medidas de financiamento e crédito bancário, com o objetivo de auxiliar os empresários.
“Estamos construindo um diálogo com o governo do Estado para buscarmos medidas para melhorar a situação, seja por meio de linhas de crédito ou algum outro incentivo financeiro, estamos há meses sem poder trabalhar direito, mas teremos, sim, ainda mais reflexos ao longo dos meses”, relatou o representante da Abrasel-MS.

IGREJAS
O profissional de educação física Marcelo Andrade é sócio proprietário de uma academia em Campo Grande e ressaltou que a prática diária de exercícios está ligada a uma série de benefícios ao organismo humano, porém, o serviço foi considerado não essencial, enquanto igrejas e templos religiosos sim.
O empresário se preocupa com os impactos em seu negócios com essa nova parada.
“Eu me questiono como igrejas podem abrir, mas academias e uma série de outros lugares não podem. A atual situação de saúde é muito preocupante, mas a continuação do nosso trabalho também. Vivemos momentos de muita incerteza, as pessoas não podem deixar de cuidar da saúde, praticar atividade física e serem mais saudáveis. O isolamento social é importante, mas se a população se privar de cuidar da saúde física e mental tudo pode piorar”, afirmou.
Há 17 anos Mara Avila administra a loja de móveis da família e diz enfrentar dificuldades para driblar os efeitos da pandemia.
“Vivemos um momento muito delicado, em comparação de 2019 com 2020, a gente faturou 54% a menos, durante esses últimos meses tenho repensado se vale a pena continuar, todos da minha loja tomam todos os cuidados necessários. É preciso observar a situação e pensar na coletividade”, relatou a comerciante.