Por Leo Moreira
Caminhando pelos corredores vibrantes da Smart City Expo Barcelona, sou confrontado por inovações que parecem saídas de um cenário futurista, mas que já estão moldando as cidades de hoje. O evento, que reúne 1.100 expositores e mais de 600 palestrantes internacionais, é um laboratório vivo de soluções urbanas. Aqui, enquanto exploro as diferentes tecnologias, fico imaginando como essas ideias poderiam se traduzir no contexto brasileiro, resolvendo desafios locais e impulsionando o desenvolvimento sustentável de nossas cidades.
Quando o assunto é mobilidade urbana, nós brasileiros somos mestres em formatar verdadeiras aberrações engenharia de trânsito e ao me aproximar do pavilhão de mobilidade, percebo que o foco é em tecnologias para um trânsito mais limpo e eficiente. Entre as inovações estão veículos elétricos, opções autônomas e um conceito integrado chamado Mobility as a Service (MaaS). Com esse modelo, todas as formas de transporte – ônibus, metrô, bicicletas e até carros compartilhados – são acessíveis através de um único aplicativo. Em cidades brasileiras como São Paulo e Rio de Janeiro, onde o trânsito pode paralisar a rotina, essas soluções poderiam não só reduzir congestionamentos, mas também melhorar a qualidade do ar, uma necessidade urgente nas metrópoles. Imagino como parcerias entre governos e empresas locais poderiam impulsionar a implementação de veículos elétricos e ciclovias, promovendo uma mobilidade mais sustentável e acessível.
Em outra área do evento, lembrando do potencial da costa brasileira, as soluções de energia limpa chamam a atenção, especialmente as turbinas submarinas que capturam energia das marés. Com o Brasil contando com um extenso litoral, essa tecnologia poderia fortalecer nossa matriz energética sem depender de fontes poluentes. Além disso, a implementação de sistemas inteligentes em prédios – capazes de otimizar o consumo de energia e reduzir custos – teria impacto direto na economia e no meio ambiente, tanto em residências quanto em edifícios comerciais. Enquanto observo essas tecnologias, penso como essas práticas poderiam ajudar a mitigar os impactos das mudanças climáticas em regiões mais vulneráveis e garantir uma energia mais limpa e acessível.
Observando que o engajamento e inclusão social é uma das prioridades do Smart City Expo, e vejo essa missão se refletir em plataformas que incentivam o envolvimento direto dos cidadãos em decisões urbanas. Uma tecnologia interessante permite que moradores participem de consultas públicas através de aplicativos, opinando sobre projetos em suas comunidades. Essa ideia seria especialmente valiosa no Brasil, onde há uma grande diversidade social e uma necessidade crescente de ouvir as vozes das comunidades mais vulneráveis. Aplicativos que promovam a inclusão digital poderiam reduzir a desigualdade, ampliando o acesso a serviços públicos e permitindo que todos tenham um papel ativo no planejamento urbano. Além disso, essas ferramentas poderiam ser cruciais para a alfabetização digital e para a promoção de oportunidades educacionais e econômicas em áreas desfavorecidas.
Ao passar pelo pavilhão dedicado a construção e infraestrutura, vejo inovações que poderiam transformar o setor de construção brasileiro. Materiais recicláveis e técnicas de baixo impacto ambiental são destaque. Em um país onde o crescimento urbano continua intenso, práticas sustentáveis como essas poderiam reduzir a pegada de carbono das novas edificações. Em cidades propensas a enchentes, a infraestrutura resiliente se torna fundamental. Com a aplicação de técnicas sustentáveis e sistemas de monitoramento automatizado, poderíamos prevenir danos ambientais e promover uma urbanização que respeite as particularidades geográficas locais. Este evento não apenas revela as possibilidades da tecnologia para transformar a vida nas cidades, mas também destaca a importância de adaptar essas inovações para contextos específicos.
Lembro que, no Brasil, essas tecnologias e conceitos têm potencial para enfrentar problemas urbanos, melhorar a qualidade de vida e promover um desenvolvimento mais sustentável. Enquanto absorvo tudo o que vi, fico esperançoso de que, com as parcerias certas e a visão voltada para o futuro, podemos transformar as cidades brasileiras em exemplos de inovação, inclusão e sustentabilidade.
No mais, vamos ter fé e acreditar que tudo é possível.
Leo Moreira
Empresário e professor, mestre em Gestão de RH e inteligência de Negócios, MBA em controladoria e finanças, MBA em Gestão Empresarial, MBA em Gestão Empresarial e Serviços. Cursou técnicas de negociação na Harvard University (EUA) e Gestão de riscos e tomadas de decisões na Chicago University (EUA). Diretor e 1º vice presidente do Sindicato das Empresas de Asseio, Conservação e Serviços Terceirizados de Goiás – SEAC-GO.