A demanda aquecida por farelo e óleo de soja no Brasil e a política nacional para o biodiesel estão estimulando os investimentos no segmento de óleos vegetais. Segundo levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), as empresas do setor deverão desembolsar R$ 6 bilhões na expansão e construção de novas unidades em 2024, valor acima do previsto para este ano.
De acordo com o levantamento, a capacidade total de processamento de oleaginosas atingiu 69,2 milhões de toneladas neste ano, representando um aumento de 5,6% em relação a 2022, quando foi registrado um volume de 65,5 milhões de toneladas. O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou a elevação da mistura do biodiesel ao diesel fóssil, de 10% para 12%, e um aumento escalonado de um ponto percentual na mistura até 2026, chegando a 15%.
“O biodiesel tem um papel importante nos números da pesquisa, uma vez que a indústria agora conta com uma política pública previsível. Com isso, nós temos um cenário mais favorável à expansão do setor, já que o ritmo de esmagamento tende a se manter estável”, destaca Daniel Amaral, economista-chefe da Abiove.
O óleo de soja não é o único responsável pelas boas perspectivas para o setor. O farelo teve um papel de destaque nos resultados da pesquisa. Além disso, os prognósticos mais favoráveis para a economia brasileira e o aumento da oferta da oleaginosa no país também devem influenciar a demanda por farelo de soja.
“O mercado de farelo de soja é um segmento de alta liquidez, e mesmo com a concorrência de produtos como o farelo de canola e girassol, por ser um componente importante da ração animal, o subproduto da soja tem seu espaço garantido no mercado interno. Já as estimativas de crescimento do PIB para este e ano e para o próximo favorecem o aumento de renda da população, o que tende a beneficiar o consumo de proteínas animais”, destaca o economista.
Mato Grosso é destaque no processamento de oleaginosas no Brasil
De acordo com a pesquisa da Abiove, com a conjuntura favorável em termos de demanda, o desempenho operacional da indústria de óleos vegetais está melhor neste ano em relação a 2022. Houve um aumento na capacidade de processamento em plantas ativas de 10,4% em relação a 2022, enquanto em plantas paradas foi de 15.7 toneladas por dia, representando uma redução de 31,1%.
A pesquisa ainda destacou um aumento significativo na capacidade ativa de processamento na região Centro-Oeste, que é responsável por 44,3% do processamento total de oleaginosas no Brasil. Já em nível estadual, o Mato Grosso, o principal produtor de grãos do Brasil, tem um papel de destaque no processamento de oleaginosas no Brasil.
“É um Estado com alta produtividade de soja, e boa oferta de matéria-prima. Outro fator importante foram as melhorias de infraestrutura observadas nos últimos 20 anos, que facilitaram o escoamento da produção para longas distâncias, como o porto de Miritituba [Pará]. Tudo isso traz para Mato Grosso uma competitividade muito grande para atrair novas indústrias”, avalia o economista.
De acordo com o levantamento da entidade, Mato Grosso tem 18 plantas industriais ativas em 2023. A capacidade de plantas ativas no Estado passou de 45,6 mil toneladas por dia em 2022 para 49,2 mil neste ano. Sozinho, o Estado responde por 23,5% do processamento de oleaginosas do Brasil.
Fonte: G1 / AgroLink