De uma pequena fábrica familiar de refrigerantes em Rondonópolis, criada em 1963, até se tornar uma indústria consolidada, presente nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Acre, Amazonas e Rondônia, com exportações para a Bolívia, a Refrigerantes Marajá SA percorreu um caminho longo que exigiu muita dedicação.
No entanto, em 1995, uma protagonista feminina entra em cena e com seu olhar atento e cuidadoso contribuiu ainda mais com o crescimento do negócio. Trata-se de Ulana Bruehmuller, hoje CEO da empresa e uma das mulheres que ganham destaque em cargos de liderança na indústria mato-grossense.
Para agregar com o negócio, a empresária trocou a formação em Serviço Social e o emprego de 12 anos no Sesi MT pela rotina administrativa, inicialmente como gerente, galgando novas conquistas e chegando ao cargo de diretora, e buscou por conhecimento com as formações em gestão comercial e, posteriormente, gestão de negócios.
Inclusive, este é um dos grandes diferenciais das mulheres no mercado de trabalho na visão da industrial: elas buscam por qualificação profissional e estão presentes também nas salas de aula.
Mesmo assim, dentro das fábricas elas ainda ocupam menor número, mas não por falta de incentivo. A gestora encoraja as profissionais que buscam por cargos de operação a trabalharem neste setor, inclusive na companhia, que está contratando mulheres para diversos cargos.
“Busquem se desenvolver e aprimorar seus conhecimentos e competências. porque quando a mulher está imbuída de um propósito na vida, ela está atrás de um resultado extraordinário e consegue alcançar.” Ulana Bruehmuller.
Com 330 colaboradores, as mulheres ainda ocupam um universo de 12% na Marajá, no entanto, a CEO acredita que as empresas estão cada dia mais abertas às oportunidades para o público
feminino, principalmente quando se trata dos cargos de liderança, que levam em consideração características femininas como o forte destas lideranças.
“Eu vejo que o mundo moderno está valorizando muito mais as características de liderança feminina. Hoje a gente vê muitas mulheres em cargo de gestão em diversas companhias. Ainda há a desequiparação salarial, enfrentamos duplas jornadas, como a familiar, mas já melhorou muito o reconhecimento feminino no mercado de trabalho”, destaca.
Profissões tradicionalmente ocupadas por homens
E essa busca crescente por qualificação profissional é que tem sido o diferencial para as mulheres se destacarem. É o caso da jovem Thais Cabral, de 22 anos, que iniciou sua trajetória profissional no Programa Aprendiz do Futuro, na agroindústria Bom Futuro. Graças ao seu esforço e a formação oferecida pelo Senai, hoje ela atua como eletricista em uma fazenda da empresa.
“A parte de aprendizagem do Senai foi essencial para o meu desenvolvimento tanto pessoal quanto profissional. Foi com ele que eu me destaquei no mercado de trabalho e conseguir melhores salários. Além de me capacitar, a instituição me incentivou a buscar conhecimento sobre essa área, estou pegando gosto pela coisa e isso fez total diferença.”
Outra profissional que também iniciou sua trajetória como aprendiz na indústria Inpasa, em Sinop, é a Joice Martos de Miranda, de 21 anos. Ela conta que foi pela internet que viu a oportunidade de fazer um curso de manutenção de máquinas.
Não demorou muito para seus superiores perceberem as qualidades de Joice e faltando apenas dois meses para o encerramento de seu contrato como jovem aprendiz, logo ela recebeu a proposta para atuar como profissional na área de planejamento e controle de manutenção da usina.
Joice, como a maioria das mulheres da indústria, sentiu necessidade de se qualificar ainda mais e está estudando engenharia mecânica, graças à oportunidade que teve na Inpasa, já que descobriu que gosta desta área.
“Quando comecei a conhecer esse mundo de usina e me envolver mais ainda, uma das áreas que me apaixonei foi a mecânica, tanto que agora estou realizando esse curso. Então, para todos que estão começando, o importante é não desistir, existe muita dificuldade, mas o esforço de hoje é o resultado de amanhã”, pontuou a jovem.
Câmara da Mulher
Em março, a Fiemt lançou a Câmara da Mulher, iniciativa que faz parte do Conselho Temático de Responsabilidade Social (Cores/Fiemt). Os trabalhos serão presididos pela psicanalista e acionista da indústria Barralcool, Ana Cássia Rangel.
Uma das diretrizes desta câmara, também chamada de Fiemt Mulher, é assegurar condições de trabalho mais justas para as mulheres, paridade salarial e aumentar a participação da mulher empresária na indústria.
De acordo com o Observatório da Indústria, a renda média das mulheres na indústria é de R$ 1.736,76, o equivalente a 26% menor do que é pago aos homens.
Revista Indústria de Mato Grosso – Esta matéria foi originalmente publicada na segunda edição da Revista Indústria de Mato Grosso. O periódico está disponível nas versões impressa e on-line, e traz informações sobre o setor industrial, inovação, tecnologia, economia, pesquisa, educação executiva, saúde e segurança no trabalho e outros assuntos ligados às atividades do Sistema Fiemt.
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