A Junta Comercial de Mato Grosso (Jucemat) registrou a abertura de 75.058 novas empresas de janeiro a dezembro de 2021. Conforme o levantamento feito pela estatal, o crescimento foi de 20,08% em comparação ao mesmo período de 2020 quando foram constituídos 62.506 empreendimentos no Estado.
Do total contabilizado, o maior volume de criação de novas empresas ocorreu no setor de Serviços que fechou o ano com 46.773 registros, enquanto que em 2020, chegaram a 38.673. Um acréscimo de 20,94%. O Comércio aparece na segunda colocação quanto a inscrições de novos CNPJs com 22.214 em 2021, contra 18.719 no ano anterior. Incremento de 18,67%. A Indústria teve saldo de 6.071 novos empreendimentos em 2021 e 5.114 em 2020. Uma evolução de 18,71%.
Expansão que, segundo o presidente da Jucemat, Manoel Lourenço de Amorim, reflete as inovações que vem sendo implementadas para facilitar a vida do empreendedor.
“Estamos trabalhando para simplificar o processo de instauração de empresas por meio de soluções tecnológicas. De modo que o cidadão possa realizar a constituição de sua empresa de forma célere, prática e segura de onde estiver, sem a necessidade de percorrer diversos órgãos para formalizar seu negócio. E essas ações já vem dando resultado, tanto que o crescimento de registros de novas empresas é bastante expressivo”, explica Amorim.
Balcão Único
A Jucemat, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso (Sedec-MT), inicia neste ano a operação da plataforma digital ‘Balcão Único’. O sistema permitirá que qualquer cidadão possa abrir uma empresa de forma simples, automática, em poucos minutos e sem custos.
Primeiramente, o Balcão Único será voltado para empresas de baixo risco, independente do porte, pequena, média ou grande. Em específico para Empresário Individual (EI), Sociedade Limitada Unipessoal (SLU), Sociedade Limitada com apenas um sócio e sem necessidade de capital mínimo e Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (Eireli).
Atualmente Mato Grosso possui 420.577 empresas ativas, sendo 233.894 delas voltadas ao setor de Serviços, 148.869 no Comércio e 37.663 na Indústria.
Em Goiás, crescimento de 27%
A economia goiana ganhou 33 mil novas empresas no ano passado, um crescimento de 27% sobre o número de negócios abertos em 2020. O balanço anual da Junta Comercial do Estado de Goiás (Juceg) mostra um saldo positivo entre aberturas e fechamentos, já que o número de empresas extintas somou 14,7 mil. Além da retomada da economia, após os reflexos da pandemia, alguns movimentos contribuíram para este impulso do empreendedorismo, como a busca por uma recolocação no mercado de trabalho e novas oportunidades.
Depois de ficar dois meses desempregado, o ex-gerente de manutenção automotiva Eduardo Gomes da Silva aproveitou a oportunidade de abrir um negócio na área de estética automotiva, que oferece serviços especializados de cuidados com veículos, que vão bem além de um simples lava jato. “Era um negócio que eu já estudava, mesmo quando ainda era empregado, por apresentar um bom crescimento no mercado”, justifica.
Ele também contou com o apoio de uma empresa especializada no ramo, que ofereceu cursos, produtos e toda orientação necessária para abrir o Mazica Space Car junto com um sócio. “O brasileiro gosta muito de cuidar bem de seu carro, por isso já buscam cuidados mais especializados, que ofereçam uma proteção a mais”, destaca. Hoje, a empresa está em franco crescimento no mercado, chegando a atender oito veículos por dia, além de empregar três pessoas.
Para o presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado (Acieg), Rubens Fileti, existiram três movimentos bem claros que resultaram na abertura de tantas novas empresas no ano passado. O primeiro é quando trabalhadores com alto grau de especialização optam por abrir o próprio negócio em sua área, diante de alguma dificuldade para recolocação no mercado de trabalho.
Formalização
Outro fator é quem precisou fechar seu negócio anterior por algum motivo e resolveu investir num novo CNPJ, mesmo que seja de um novo segmento. O terceiro movimento é resultante do próprio desemprego, quando um trabalhador que não é tão qualificado e ocupava cargos menores resolve empreender por necessidade ou oportunidade.
“Muitos empreendedores se formalizaram, se tornando microempreendedores individuais (MEIs) em 2021, até mesmo para conseguirem buscar recursos no mercado, com o reaquecimento da economia”, lembra.
Mas Rubens reconhece que também há um otimismo maior. Ele lembra que, apesar dos números mostrarem um baixo crescimento econômico, alguns segmentos crescerão mais que outros, como o agronegócio e a tecnologia da informação. “Ainda precisamos reduzir o problema da falta de mão de obra qualificada para as empresas, que é crescente e pode prejudicar a retomada deste crescimento”, alerta o presidente da Acieg.
Depois de Goiânia, os municípios com mais empresas abertas em 2021 foram Aparecida, Anápolis, Rio Verde e Valparaíso de Goiás. Para o presidente da Juceg, Euclides Barbo, há uma processo de retomada da economia, além do fato do goiano ser um empreendedor e correr atrás de novos caminhos. “As pessoas também estão mais otimistas, apesar destas novas variantes do vírus”, acredita.
Ele lembra que o número de empresas extintas também cresceu porque hoje está mais fácil dar baixa no negócio. Primeiro, porque não existe mais taxa cobrada para encerramento de empresa. Outro ponto é que os débitos deixados, que antes impediam o fechamento do negócio sem a devida regularização, hoje já podem ser lançados no CPF do titular. “Antes, isso ia para a dívida da empresa e o titular não conseguia fechar.”
Empreendedor recebe mais apoio para abrir e manter negócio
Para ajudar as novas empresas a abrirem as portas, o presidente da Juceg lembra que a Junta não reajustou os preços de seus processos nesta virada do ano, que vão de R$ 180 a R$ 600, no caso de uma grande empresa. Segundo ele, a Junta também tem uma parceria com o Sebrae para orientar melhor o empreendedor que está começando para que a empresa consiga se consolidar, reduzindo o risco de fechamento.
O programa Comece Certo oferece mais de 100 cursos totalmente gratuitos para os novos empresários que estão abrindo uma micro ou pequena empresa. “Sabemos que existe dificuldade para manter o negócio por falta de conhecimento, o que prejudica muito a empresa. Muita gente abre um negócio sem nem saber como preencher um livro caixa”, adverte. No próximo dia 1º de fevereiro, a Junta inaugura um posto dentro do Sebrae Goiás.
Outro incentivo é dado às cooperativas que fazem parte do programa Mais Cooperativo, que têm desconto de 80% nas taxas. As demais ganham um abatimento de R$ 100. Em 2021, 39 novas cooperativas foram abertas. Euclides Barbo informa que a Juceg já é a primeira Junta Comercial do país com menor tempo médio para abertura de empresa: 21 horas. “A segunda colocada tem tempo médio de três dias”, ressalta. Ele garante que, apesar das dificuldades impostas pela pandemia, o trabalho continuou sendo feito com qualidade no ano passado, por meio do teletrabalho, sem comprometer o tempo de abertura das empresas.