Campo Grande Empresas (MS) – As exportações de carne bovina chegaram a 129,5 mil toneladas no período entre janeiro e julho deste ano, o que rendeu – aos pecuaristas do Estado – faturamento de US$ 690 milhões.
Em 2021, foram exportados 190,4 mil toneladas de carne bovina. O faturamento chegou a US$ 897 milhões.
Os números da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) mostram que o Estado vai superar as exportações do ano passado.
Um dos indícios vem da média exportada. Isso porque, ano passado, a média de Mato Grosso do Sul era de 7,5 mil toneladas por mês.
Este ano, a média se encontra em 18,5 mil toneladas. É mais que o dobro na comparação com o ano passado. Em todo o Brasil, este ano foram exportadas 1,25 milhão de toneladas de carne bovina, o que presenta um faturamento de US$ 7,4 bilhões.
Ano passado, todos os Estados brasileiros exportaram – juntos – 1,84 milhão de toneladas. Nos dois casos, Mato Grosso do Sul ficou com a 4ª posição no ranking de exportações de carne, mas um fato chama a atenção: o preço.
Pelos dados da Abiec, a carne sul-mato-grossense tem preço mais baixo que os demais Estados concorrentes.
Ano passado, o preço médio da tonelada da carne no Brasil foi de US$ 4.950. O preço médio de Mato Grosso do Sul foi de US$ 4.710, a tonelada.
Este ano, o preço médio nacional se encontra em US$ 5.910 e o de Mato Grosso do Sul está em US$ 5.590. Mais uma vez, bem abaixo e isso porque houve uma recuperação, porque o valor chegou a ficar em US$ 5.330.
Entre os maiores Estados exportadores brasileiros, Mato Grosso do Sul tem o menor preço. São Paulo está com o preço de US$ 6.520, a tonelada; Mato Grosso, com US$ 5.850; Goiás, com 5.830 e Minas Gerais, com US$ 6.020.
Acrisul destaca que preços menores para as exportações são praticados pelos frigoríficos
O presidente da Associação dos Criadores de Gado Bovino de Mato Grosso do Sul (Acrisul), Jonatan Pereira Barbosa, destacou que o Estado vai se fortalecer ainda mais nas exportações porque o mundo está cada vez mais consciente da qualidade da carne.
Segundo o presidente da Acrisul, os frigoríficos exportadores têm sua criação de gado confinada e, recentemente, eles até fecharam contratos internacionais com preços mais em conta que outros Estados concorrentes.
O problema – segundo Jonatan Pereira Barbosa – é quando eles vendem toda a produção.
“É aí que fica ruim para os criadores. Eles acabam arbitrando um preço que, para nós, não é bom. Esse ano, por exemplo, o preço da arroba chegou a R$ 320, mas agora se encontra em R$ 289. O criador acaba vendendo porque há poucos compradores”, explicou Barbosa.
Economista do Sindicato Rural de Campo Grande explica política de preços
O economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Staney Barbosa Melo, foi detalhista na explicação dos preços. Segundo ele, o principal fator que determina esse aumento das exportações de carnes do Mato Grosso do Sul é a maior demanda externa pela carne originária do Estado.
De acordo com Staney Barbosa Melo , de janeiro a julho deste ano foram exportadas 252,52 mil toneladas de carnes dos mais variados tipos.
Esse volume representa um aumento de 8% na comparação com igual período do ano passado, quando foram exportadas 233,67 mil toneladas do produto.
Nesse mesmo período, as vendas ao exterior de carne bovina in natura aumentaram em 17,74%, passando de 110 mil toneladas exportados nos primeiros sete meses de 2021, para 129,5 mil toneladas exportadas em igual período de 2022.
“Há, portanto, um aumento da demanda externa pela carne do nosso Estado. Podemos destacar como um fator determinante deste maior volume de exportação a maior demanda da China pela carne Sul-mato-grossense, em especial, pela carne bovina produzida aqui”, destacou.
O economista frisou, ainda, que o gigante asiático aumentou consideravelmente a sua participação nas exportações de carnes do Mato Grosso do Sul, passando de 18,4% nos primeiros sete meses de 2021 para 19,3% nos primeiros sete meses deste ano, somando aproximadamente 48,84 mil toneladas da proteína.
Desse total, a carne bovina, em especial, somou 35,06 mil toneladas, representando sozinha 13,89% do volume exportado nos primeiros sete meses deste ano, frente a apenas 9,19% nos primeiros sete meses de 2021.
Para Staney Barbosa Melo, este quadro mostra que Mato Grosso do Sul está bem inserido e posicionado frente a essa maior demanda externa por alimentos, ancorada em incertezas quanto à segurança alimentar em diversas nações do mundo.
“Isso representa uma janela prospera de oportunidades para consolidar parcelas cada vez maiores do mercado externo e aferir riqueza para o nosso Estado”, acrescenta Staney Barbosa Melo.