Rondonópolis Empresas (MT) – De janeiro a julho deste ano, a produção de leite no estado de Mato Grosso caiu 5% no comparativo com o mesmo período do ano passado, chegando a 254 milhões de litros. O que demonstra que a seca foi mais severa neste ano para os criadores. Os dados são do Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea).
Em relação ao preço do leite, os produtores venderam o litro para os laticínios por R$ 1,50. O leite teve uma valorização de 38,6% nos últimos 12 meses.
Com a baixa produção de leite nas propriedades, muitas indústrias passaram a importar leite de outros países. Com isso, as importações aumentaram quase 40% entre junho e julho, segundo a Secretaria de Comércio do Governo Federal.
No período de chuva, o produtor José e seus companheiros conseguem manter até trinta vacas no sítio em Rondonópolis, na região sudeste do estado. Mas, quando chega a seca, os animais precisam comer ração. Isso aumenta o custo em até 70%. Neste ano, para equilibrar o caixa, o proprietário precisou vender 14 vacas.
Para manter as vacas bem alimentadas durante a estiagem, os produtores já desembolsaram R$ 15 mil comprando 30 toneladas de ração.
“Nunca tinha tratado as vacas com ração de gergelim. No começo sofreram um pouco, mas agora estão comendo bem”, disse o produtor rural Flávio Fontes.
No início do ano, os produtores entregavam até 400 litros de leite para um laticínio da região a cada dois dias. Agora a produção não passa de 205 litros. A ordenha que acontecia duas vezes por dia, agora só acontece uma vez de manhã.
No caso da produtora rural Rosimeire Sanquite, ela não conseguiu manter a produção e decidiu parar a atividade durante a seca. Até junho deste ano, Sanquite conseguia produzir mais de 100 litros de leite por dia. Agora a atividade está paralisada. Em 26 anos no ramo, essa é a primeira vez que não vai ter leite no sítio da Rosimeire.
“Os custos são muito altos, não compensa. Não tenho condições de manter o gado na ração produzindo essa quantidade de leite”, disse. Sem outra fonte de renda vinda do campo, o sustento da casa vai ficar nas mãos do marido e do filho que trabalham na cidade.
“A gente fica triste, porque sempre mexi com isso. Minha vida inteira eu passei vendo meus pais, minha família mexendo com isso. Achei que continuaríamos, no entanto, não ficou viável”, ressaltou.
