Por Marcondes B. Moraes
O valor do frete marítimo registrou aumento no valor médio internacional de 93%, sendo que, em alguns casso, essa variação bateu a casa dos 300%. É notório, e até compreensível, que o setor sinta os efeitos gerados pela pandemia de coronavírus, o que já está afetando até mesmo o consumidor final.
O que tem causado aflição nos negócios que atuam com exportação é a grande desorganização e o expressivo aumento dos custos com a logística internacional. Temos notado um cenário com cancelamentos de embarques, suspensão de serviços e a falta de contêineres em todas as rotas internacionais.
A desaceleração da economia pela Covid-19 fez com que empresas de navegação colocassem o pé no freio e se resguardassem, imaginando que a retomada aconteceria apenas após a crise. No entanto, desde julho de 2020 elas vem se deparando com um crescente aumento da demanda.
Essa disparada nos pedidos de insumos e mercadorias, adicionada à falta de espaço nos navios cargueiros e o aquecimento da economia global, culminaram, inevitavelmente, a um aumento de mais de 300% nos valores dos fretes marítimos. Muitos podem pensar que este tipo de fenômeno pode afetar apenas as empresas, no entanto suas consequências podem chegar ao bolso do consumidor, que sentirá seu cafezinho ficar mais caro, o verá aumentar o peso financeiro em itens como moveis e até autopeças.
Falando em números, um embarque Brasil- USA em um contêiner de 20 pés, que antes custava USD 2 mil em Dezembro de 2020, atualmente, um pouco mais de seis meses depois, saltou para USD 13 mil. Mas esse não é o único problema, a procura por espaços nos navios tem sido intensa e a realização de booking estão sendo feitos com pelo menos 45 dias de antecedência.
Para o futuro? Pelo menos nos próximos meses a tendência é que o valor continue a subir devido às dificuldades logísticas em escoar o que já está parado e do início da organização dos estoques para as vendas de final de ano nos Estados Unidos e na Europa.
O Brasil, como tem posição expressiva no transporte marítimo mundial, pode ser prejudicado. Além de se deparar com esse aumento para importar e exportar, empresas brasileiras não conseguem comercializar externamente.
A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) traduziu essa realidade em números. Para isso, entrou em contato com 128 empresas e associações industriais e levantou que em mais de 70% delas há queixa de ter sido afetada com a falta de contêineres ou de navios e mais da metade observaram o cancelamento ou a suspensão de alguma escala de programa ou serviço regular. Os dados mostram ainda que 96% observaram um aumento no valor do frete de importação e 76% nas exportações.
Fato é que até a normalização da situação e estabilização da Covid-19 a nível mundial os preços dos fretes marítimos sofrerão com essas oscilações, fazendo com que os preços aumentem e que tal ajuste chegue a todos nós, consumidores.
Marcondes B. Moraes
Graduado em Relações Públicas, MBA em Gestão Empresarial, MBA Gestão Comercial, MBA Finanças para Executivo e Presidente Executivo do Instituto Brasileiro do Crisotila.