Por André Ladeira
Nos últimos anos, o mundo dos negócios tem sido inundado por novas tendências que prometem transformar mercados e definir o futuro das empresas. ESG (Environmental, Social and Governance), Inteligência Artificial, gestão de habilidades, home office e tantas outras pautas têm dominado debates corporativos e forçado empresários e gestores a se adaptarem a um cenário em constante mudança. Mas será que todas as empresas precisam seguir essas tendências para se manterem competitivas?
A resposta não é tão simples. Embora muitas dessas transformações sejam legítimas e tragam impactos significativos, nem sempre seguir a moda do momento é o melhor caminho para um negócio. Algumas empresas prosperam por adotarem tendências antes dos concorrentes, enquanto outras perdem seu DNA ao tentar acompanhar mudanças que não fazem sentido para sua cultura, mercado ou modelo de operação.
O perigo de seguir tendências sem um propósito
Muitas organizações embarcam em tendências sem uma estratégia clara, apenas para parecerem modernas ou para atenderem às expectativas do mercado. O problema é que mudanças superficiais podem comprometer a essência de um negócio e gerar impactos negativos.
Por exemplo, empresas que adotam práticas ESG apenas por pressão externa e não como parte de uma visão genuína podem enfrentar crises de credibilidade no futuro. O mesmo ocorre com a Inteligência Artificial: embora seja uma tecnologia revolucionária, ela não é uma solução mágica para todos os setores. A adoção sem planejamento pode resultar em investimentos desnecessários e até em um distanciamento da experiência humana que alguns clientes valorizam.
O valor da autenticidade
Em vez de simplesmente seguir modismos, as empresas devem avaliar quais tendências realmente agregam valor ao seu modelo de negócio e aos seus clientes. Algumas companhias prosperam justamente por irem na contramão do mercado e manterem sua identidade intacta. Um exemplo clássico são marcas de luxo que resistem à produção em massa e mantêm métodos artesanais, destacando-se em um mundo dominado pela automação.
Outro exemplo é a resistência ao trabalho remoto em algumas indústrias. Enquanto o home office se tornou um modelo popular, há negócios onde a presença física da equipe faz toda a diferença na experiência do cliente ou na qualidade da entrega. Empresas que entendem isso conseguem criar diferenciais competitivos sem necessariamente aderir a tendências que não se encaixam em sua proposta de valor.
Tendências são guias, não regras
As tendências podem ser ferramentas poderosas quando analisadas de forma estratégica. Empresas inovadoras não seguem modismos cegamente, mas sim estudam, testam e adaptam novas práticas conforme a necessidade. O segredo está no equilíbrio entre adaptação e autenticidade.
É fundamental que empresários e gestores filtrem o que faz sentido para o seu modelo de negócios. Para isso, algumas perguntas devem ser feitas antes de adotar uma nova tendência:
- Essa mudança está alinhada com os valores da empresa?
- Ela trará um benefício real para os clientes ou apenas uma boa imagem?
- O investimento necessário é sustentável a longo prazo?
- A equipe está preparada para implementar essa mudança de forma eficiente?
No mundo dos negócios, nem toda tendência precisa ser seguida. O sucesso empresarial não está em acompanhar modismos, mas sim em entender o mercado, inovar com propósito e manter a autenticidade. Empresas que sabem avaliar tendências com estratégia e discernimento conseguem se diferenciar e criar valor real para clientes, colaboradores e investidores.
Assim, mais importante do que correr atrás das novidades é saber quando e como adotá-las, garantindo que cada passo esteja alinhado com a identidade e os objetivos do negócio.
André Ladeira
Empresário e sócio da AM Investimentos, que administra um pool de empresas no Brasil e nos Estados Unidos
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