A imersão em novas tecnologias para o melhor funcionamento da gestão pública já é realidade para boa parte das prefeituras, seja ela grande ou pequena. Afinal de contas, prestar um bom serviço ao cidadão é o melhor legado que um administrador público deseja.
Capital pernambucana, Recife saiu na frente e hoje conta com um sistema de gestão entre os mais inovadores do país, com mais de 70% dos serviços prestados pela prefeitura digitalizados. Rafael Figueiredo, como secretário executivo de Transformação Digital da Prefeitura do Recife, liderou essa transformação digital.
De acordo com Rafael, que é um verdadeiro empreendedor público, a prefeitura que não inovar com novas tecnologias de gestão não conseguirá prestar um bom serviço ao cidadão. O empreendedor ressalta que a desculpa da falta de dinheiro não cabe mais, mas a consciência de que não existe uma solução pronta, porque tudo depende da rotina daquela localidade.
O especialista foi um dos palestrantes no Megaconf 2023, promovido pela empresa goiana Megasoft Informática. O seminário, que tratou das Inovações Tecnológicas na Gestão Pública, foi na quarta-feira, 19, para prefeitos e gestores públicos de municípios de Goiás. O evento, gratuito, foi uma verdadeira imersão em tecnologias para a gestão pública com inovações acessíveis a municípios de todo porte. Para a ocasião, Rafael nos deu uma entrevista.
Como se deu a implantação do atual sistema digital na prefeitura do Recife?
Na prefeitura do Recife fizemos um grande censo de serviços que foi o que originou tudo, já sendo uma obrigação legal desde dois mil e quinze. Foi nessa etapa que conseguimos identificar alguns pontos importantes que precisavam se modernizar.
E fomos atrás de saber quem eram os responsáveis por esse serviço até rastrear os canais de oferta desse serviço: um canal físico, digital ou ainda por telefone.
A partir dessas ações fizemos uma matriz de decisão, considerando três grandes critérios: o impacto social, a dificuldade em se digitalizar (quanto mais simples, mais fácil de fazer) e a urgência para se fazer a digitalização desse serviço. Foi quando criamos um ranqueamento onde digitalizamos os serviços do município. Hoje temos 72% dos serviços digitalizados.
Qual o segredo para uma prefeitura evoluir quanto às ferramentas de inovação tecnológica disponíveis?
Agora que podemos disponibilizar tudo na nuvem (de forma on-line) ficou muito mais simples para qualquer novo player no mercado. E o município é um player desse mercado e a primeira coisa que precisa ter, sobretudo, depois da nuvem, é a atitude.
A desculpa da falta de dinheiro não cabe mais, mas sim a consciência de que não existe uma solução pronta, porque tudo depende da rotina daquela localidade. E criar um processo modelo startup coloca para rodar, ver o feedback do cidadão, melhora se for possível e vai sempre se inteirando para evoluir. É cair para dentro e começar a execução.
O que você recomenda para pequenas prefeituras?
O que recomendo às prefeituras é começar por uma estratégia e fazer um ranqueamento dos serviços com maiores demandas e impacto para o cidadão do seu município. Se começa com ferramentas mais simples no modelo de startup enxuta, depois vai sofisticando conforme a interação do seu cidadão e avaliação que ele vai fazendo.
É preciso ter atitude empreendedora, começar. É como um bebê tentando seus primeiros passos: engatinha, dá os primeiros passos e logo está correndo. A prefeitura que não tiver coragem para empreender e conhecer novas técnicas, mais modernas, nunca prestará um serviço bom pro cidadão. Porque afinal de contas o cidadão hoje fica 54% do seu dia na tela de um computador ou smartphone, ou seja, são mais de treze horas olhando para uma tela. E se a prefeitura não está na tela, não vai conseguir atender a demanda do cidadão. E isso reflete politicamente em ausência de votos e perda do mandato. Então, quem quer continuar sendo protagonista político tem que investir em novas tecnologias.