Campo Grande Empresas (MS) – O setor cultural foi um dos mais atingidos pela pandemia do coronavírus. Por conta da dificuldade de divulgar o trabalho local, o empresário Fábio Castro de Brito criou a Vitrine do Mato, uma plataforma colaborativa para empreendedores de MS.
“A pandemia afetou muito o nosso setor, que dependia de feiras, eventos, nosso forte era estar na rua, por isso a ideia de um site que reunisse esses pequenos comerciantes para vender e continuar fazendo o que a gente gosta”, explica o idealizador.
Financiada com recursos da Lei Aldir Blanc, por intermédio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur) e da Prefeitura Municipal de Campo Grande, a Vitrine do Mato tem cerca de 100 produtos, como roupas, acessórios, artesanato, decoração, papelaria e produtos de beleza, feitos por designers, produtores de moda e artesãos, tudo com muito bom gosto e criatividade. Participam do site 17 marcas, todas de Mato Grosso do Sul, mas com muita diversidade de estilos e técnicas. “Não é porque o produto é feito em MS que são só coisas com bichos, natureza, aqui também tem moda urbana, design, trabalhos de qualidade em várias artes”, ressalta Fábio.
Uma das empresas que está participando é a Polca, uma marca de artigos de decoração com inspiração no imaginário de Mato Grosso do Sul. Pelas mãos de Mary Saldanha e Paula Bueno, a canção “Vida Cigana”, de Geraldo Espíndola, ganha vida em almofadas, por exemplo.
“Eu e a Paula somos designers, nós temos um estúdio de desenvolvimento de produtos, então a gente trabalhou bastante tempo com design gráfico, fazendo consultorias para empresas, desenvolvendo marcas. Em 2017, resolvemos lançar uma marca própria, então usamos essa expertise do design gráfico para criar estampas”, explica Mary.
Com a Polca, elas desenvolveram uma linha de produtos para casa. “É um utilitário, mas com um olhar sul-mato-grossense, para o Centro-Oeste. A gente trabalha a estamparia na serigrafia, é uma técnica bem artesanal, serigrafia de quadros, fazemos tudo aqui no estúdio, desenvolvemos as estampas, gravamos as telas, imprimimos os tecidos, a gente faz e terceiriza a costura”, frisa.
As duas têm uma loja física no Jardim dos Estados e agora decidiram participar do site. “A gente entrou tanto com a Polca quanto com a Artigo 5º, que é uma marca de camisetas. Temos essas duas marcas na Vitrine do Mato”, completa.
Para Fábio Castro, responsável pela iniciativa, na chamada economia criativa, a união e a colaboração são fundamentais para fazer resistência aos grandes conglomerados. “Muitas vezes pagando barato em uma roupa, por exemplo, você financia práticas erradas, como trabalho escravo. Eu acho importante essa valorização, porque quando os produtos são feitos manualmente você sabe de quem está comprando, como é o processo, é um produto mais exclusivo e o design agrega um valor diferente do que comprar uma peça no shopping”, defende o criador do site.
A plataforma abriu também espaço para empreendedores negros, que colocam em seus produtos muita cultura e representatividade. “É de fundamental importância dar visibilidade a empreendedores negros e negras, pois percebemos que as divulgações em mídias em geral não visibilizam os negros. É muito importante o site ter aberto espaço e realmente fazer o recorte, essa é a atitude de praticar efetivamente ações afirmativas”, comenta Ana José Alves, especialista em políticas públicas com ênfase em gênero e raça.
A marca de roupas Ayele Tissu traz um conceito de moda africana do país Togo, com tecidos típicos africanos de cores fortes e quentes e símbolos característicos do local. Criada por Kossi Ezou, a loja está aberta desde 2017.
“Eu moro no Brasil desde 2012. Sou do Togo e vim para fazer intercâmbio, para estudar. As roupas surgiram porque o pessoal gostou, aqui não tinha e começaram a ter interesse. No início eu pedia as roupas por encomenda e depois comecei a vender à pronta-entrega. O nome é em homenagem à minha mãe”, explica Ezou.
Além da Ayele Tissu, estão também na Vitrine do Mato a loja Capivaral, que traz inspirações sul-mato-grossenses em roupas, lembrando um dos maiores símbolos do Estado – a capivara, a Black Drink, que apresenta um conceito mais próximo do street wear, além de muitas outras opções.
Lives
O projeto também está realizando lives nas redes sociais, com diversos temas relevantes e atuais. Hoje, às 19 horas, a designer e consultora de moda Vanda Sol vai falar sobre “Tipos de Tecidos e suas Variações”, e na próxima semana, dia 24, no mesmo horário, o tema é “Slow Fashion na criação e produção de moda autoral de Campo Grande/MS”, com Ivani Grance e Matheus Arcanjo.
Serviço – para conhecer o trabalho dos artistas, acesse: https://www.vitrinedomato.com.br/