Por Maicon Farina
O Custo Médio Ponderado de Capital (WACC) é a média do custo de capital de terceiros (juros de empréstimos) e o custo de capital próprio (juros esperados pelos acionistas). É fundamental destacar que o segundo ponto (custo de capital próprio) é a taxa que o dono da empresa espera que seu dinheiro, quando aplicado na companhia – seja através de aporte de capital social ou de mútuo – rentabilize. Geralmente, recursos que acionistas colocam na empresa devem ter uma taxa maior do que a taxa de juros paga a terceiros (financiadores). Se sua companhia não está assim, comece a fazer as contas.
É por causa deste cálculo que CFOs de empresas maduras preferem tomar empréstimos a captar recursos com seus sócios. Um WACC baixo reflete menor risco associado a financiamentos, além de indicar que a companhia é atraente a investidores.
Outro indicador fundamental é o índice de liquidez corrente (ILC), que mostra qual é a proporção de liquidez para cada obrigação de curto prazo. Mesmo tendo dinheiro em caixa, muitas companhias preferem tomar capital de terceiros de longo prazo a fim de melhorar seu índice de liquidez. Isso as deixa mais aptas a enfrentar riscos de mercado e dá maior segurança diante de imprevistos.
Não existe só um momento certo de a empresa captar recursos, mas quando o ILC está com tendência de queda, ou quando a empresa precisa investir em um projeto cuja TIR é atrativa ou até quando esta fica prestes a um risco conjuntural acentuado, é melhor buscar crédito antes que seja tarde.
Além disso, há um aspecto estratégico importante no uso de crédito. Quando uma empresa utiliza capital de terceiros, ela mantém sua liquidez e flexibilidade para aproveitar oportunidades de mercado. Muitas vezes, um caixa robusto pode ser um diferencial competitivo, permitindo que a companhia adquira concorrentes, invista em inovação ou suporte períodos de volatilidade econômica sem comprometer sua operação. Tomar crédito, portanto, não significa fragilidade, mas sim uma gestão inteligente dos recursos disponíveis.
Outro ponto relevante é que, ao se endividar de maneira planejada, a empresa também pode aproveitar incentivos fiscais, como a dedutibilidade dos juros sobre o capital de terceiros. Esse benefício reduz o impacto do custo da dívida sobre a lucratividade da empresa, tornando o crédito ainda mais vantajoso em comparação ao uso exclusivo do capital próprio.
Por fim, o acesso a crédito facilita a diversificação das fontes de financiamento, reduzindo a dependência exclusiva de recursos internos. Uma empresa que depende unicamente de seu próprio caixa pode se tornar mais vulnerável a crises setoriais ou recessões, enquanto uma organização que equilibra capital próprio e dívida pode gerir melhor seus riscos e manter a sustentabilidade financeira no longo prazo. Assim, mesmo com recursos disponíveis, a tomada de crédito deve ser considerada como uma ferramenta estratégica para garantir competitividade e perenidade nos negócios.
Maicon Farina
Sócio-Diretor da Lure Capital
Master’s Financeiro pela FGV SP, membro do Conselho Fiscal do Sicoob Unicidades, certificado ANBIMA, certificado CA IBGC, Vice-presidente da Câmara de Governança Corporativa da ACIEG, professor de Matemática Financeira e Sócio-Diretor da Lure Capital.
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