Levantamento realizado com exclusividade pelo portal de vagas Empregos.com.br, revelou que 6 em cada 10 brasileiros afirmam que o salário que recebem atualmente não garante a alimentação básica da família. Quando questionados se ganham salários compatíveis ao piso, 51,8% dos entrevistados ganham salários abaixo do estabelecido. O impacto disso reflete diretamente na mesa do brasileiro. A combinação mais consumida pelos trabalhadores (arroz e feijão), foram os protagonistas da maior alta de produtos da cesta básica. Segundo relatório do DIEESE ( Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), as capitais com as cestas mais caras foram: São Paulo (R$ 782,23), Porto Alegre (R$ 746,12), Florianópolis (R$ 742,23), Rio de Janeiro (R$ 735,62) e Campo Grande (R$ 719,15).
Nas cidades do Norte e do Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 546,14), Recife (R$ 578,73) e João Pessoa (R$ 579,57). Com base na cesta mais cara, que, em março, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e de sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.571,52, ou 5,05 vezes o mínimo reajustado em R$ 1.302,00.
Segundo o empresário Alex Araujo da 4 Life Prime “mesmo com o reajuste do salário mínimo para R$ 1.320, profissionais brasileiros estão sofrendo dificuldades na hora de fechar as contas no final do mês. É uma situação complicada. De um lado, temos o empreendedor, que sofreu uma queda no faturamento nos últimos três anos e ainda está tentando se recompor com o reaquecimento econômico e, para estabilizar os gastos, reduzem os custos da sua folha de pagamento. Quando falamos do lado do profissional, estamos falando de alguém que busca equilibrar sua vida pessoal com a profissional, mas, nesses casos, a dificuldade só aumenta já que uma depende da outra”, explica o especialista.
“O ideal é manter a transparência entre a empresa e o colaborador. Ainda estamos passando por uma crise econômica que não tende a melhorar. Sabemos que com os gastos de hoje, o valor ideal para suprir todas as necessidades básicas é de no mínimo R$ 6.000. E ainda estamos muito longe desse valor para prover qualidade de vida a todos”, finaliza Alex.
O custo do quilo do feijão subiu em 16 capitais. O tipo carioquinha apresentou alta em todas as cidades onde é pesquisado: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo, com taxas que variaram entre 0,08%, em Natal, e 9,60%, em Campo Grande. Em 12 meses, todas as cidades registraram alta, com taxas entre 18,45%, em Fortaleza, e 43,15%, em Recife.
O levantamento ainda apontou que 60,7% dos entrevistados discordam que conseguem pagar por atividades culturais; como mencionado acima, o salário mínimo deveria cobrir além das necessidades básicas, despesas com lazer entre outros itens enumerados. “Para evitar esses ruídos, é importante que as empresas trabalhem com transparência na comunicação com os colaboradores. Um assunto que tem ganhado espaço na mídia, devido a tramitação de um projeto de lei é justamente a transparência salarial. Nesse caso é importante lembrar que ela não está atrelada apenas ao valor do salário, mas sim na forma como são calculados as faixas salariais e o motivo por trás delas”, explica Tábata Silva, gerente do Empregos.com.br.
O levantamento ainda questionou sobre despesas para manter boa saúde física e mental, 70,4% discordam que consegue pagar as despesas. Entre os entrevistados, apenas 29% são contemplados com plano de saúde, enquanto 57% não recebem o benefício. Mais um motivo para os brasileiros estarem insatisfeitos com os salários que recebem atualmente.
A pesquisa ouviu 275 profissionais, de forma quantitativa, em todo o território nacional, no período de 24 a 30 de abril de 2023.