Goiânia Empresas (GO) – Vai até 30 de abril o prazo de declaração do Imposto de Renda no Brasil. Neste período surgem muitas dúvidas dos contribuintes sobre quais despesas e rendimentos devem ser declarados e um ponto merece especial atenção: os investimentos. Uma dúvida comum das pessoas é se existe a necessidade de colocar os investimentos na declaração. A resposta, segundo o planejador financeiro Maurício Vono, da Real Cultura Financeira, é: sim!
“É patrimônio tem que estar na declaração, seja na conta no banco, dinheiro em casa ou aplicação financeira. Mas isso não quer dizer que você vá pagar IR sobre ele”, informa.
Apesar da obrigatoriedade de todos os investimentos constarem na declaração, nem todos são tributáveis. Vono explica que na maioria dos investimentos tributáveis o IR já é abatido no ato do resgate e incide sobre o valor de rendimento. Porém, em alguns deles é preciso apurar o imposto devido e gerar o famoso “Carnê Leão”, é o caso de ações e fundos imobiliários, quando há ganho de capital.
Porém, será que os investimentos isentos de fato são mais lucrativos? O planejador financeiro afirma que nem sempre. “Há aplicações que mesmo pagando o Imposto de Renda têm rentabilidade maior do que as isentas. Mas, na hora de planejar os investimentos, é necessário considerar todos os aspectos a fim de montar a melhor estratégia. Às vezes, a estratégia é de renda, e aspectos como liquidez e rentabilidade ganham prioridade, às vezes, a prioridade é compor patrimônio. Aí, a estratégia de investimento pode primar o longo prazo e aspectos de segurança da aplicação devem ser considerados,” afirma o estrategista. Ele afirma que o primeiro passo é analisar detalhadamente todos os fatores que possam influenciar na rentabilidade ao fazer um planejamento financeiro, para não ter uma surpresa que comprometa o retorno dos investimentos na hora de declarar o IR.
Dentre os investimentos que não cobram Imposto de Renda, o planejador financeiro Maurício Vono destaca os dividendos, que podem ser oriundos de ações da Bolsa de Valores e de Fundos Imobiliários.
“Os dividendos são isentos de Imposto de Renda e geralmente são pagos, em maiores fatias, por empresas já amadurecidas no mercado, que, por serem estruturadas e terem grande fatia do mercado, não tem necessidade de grandes investimentos em expansão, propiciando assim uma maior disponibilidade para distribuir seus lucros em forma de dividendos aos acionistas”, afirma.
Outra boa estratégia para dividendos é considerá-lo em investimentos de longo prazo. Comprar participações em empresas com capacidade de crescimento, para que no futuro essa empresa possa ser uma boa pagadora de dividendos, é uma questão a se considerar ao longo prazo”, afirmou o analista.
O Tesouro Direto, o CDB (Certificado de Depósito Bancário) e Letras de Câmbio estão entre as aplicações financeiras tributadas pelo IR. Há também outras aplicações que não têm incidência de Imposto de Renda. Confira quais são elas:
Poupança
Maurício Vono não considera a poupança como investimento. “A poupança é lugar para guardar um recurso que fica disponível a qualquer momento, mas não pode ser considerado investimento, pois existem outras formas mais inteligentes de aplicação de recursos,” afirma.
Para a maioria das pessoas a poupança ainda é considerada como uma alternativa de investimento pela segurança, pois o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) assegura a restituição de aplicações ao valor até R$250 mil reais em caso de falência do banco que oferece o serviço. Porém o rendimento com a Taxa Selic em baixa é irrisório.
Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA)
As Letras de Crédito são títulos de renda fixa, emitidos pelos bancos para conseguir recursos que serão ofertados ou ao mercado imobiliário (LCI) ou ao agronegócio (LCA). Nessas letras de créditos, não incide Imposto de Renda e, por serem também asseguradas pelo Fundo Garantidor do Crédito, são considerados investimentos seguros. Por ter baixo rendimento, o planejador financeiro considera a função das LCIs e LCA semelhante à poupança.
Debêntures de Infraestrutura
As empresas de Sociedade Anônimas (SA) têm autorização para emitir uma espécie título de crédito para buscar recursos somente para investir em infraestrutura. Estas são chamadas de Debêntures de Infraestrutura e são isentas de IR. Na avaliação de Vono, apesar dessas debêntures serem classificadas como títulos de renda fixa, elas pagam melhores taxas quando comparadas a outras opções comuns do mercado, como o CDBs e o Tesouro Direto. “Porém, elas são investimentos de maior risco e complexidade que precisam estar bem alinhados com a estratégia de investimento”, afirmou.
Bolsa de Valores
No Brasil, as empresas com ações na Bolsa de Valores devem distribuir obrigatoriamente uma parte de seus lucros em forma de dividendos e na atual legislação, os dividendos são totalmente isentos de Imposto de Renda. Para o analista essa opção de investimento é muito interessante para o investidor que visa ter resultados em longo prazo. “Para as pessoas que investem em Bolsa de Valores com o objetivo de construir patrimônio, isto é, com vistas ao longo prazo, observar as boas pagadoras de dividendos é uma opção muito interessante, o fato de não ter tributação de Imposto de Renda, tanto em dividendos da Bolsa é um atrativo maior”.
Uma forma de ter isenção do valor do lucro obtido com as operações financeiras na Bolsa de Valores é realizar venda mensal de parte de suas ações no valor inferior a R$ 20 mil mensais. “O Imposto de Renda incide sobre o lucro líquido, independente do montante aplicado ou movimentado. Mas manter sempre a venda mensal dentro do valor citado, garante a isenção”, explica.
Fundos Imobiliários
Outra opção isenta de Imposto de Renda que ele considera interessante são os fundos Imobiliários, mas Vono alerta para a especificidade dessa operação. “Para ter acesso a esse tipo de investimento dos fundos que pagam bons dividendos é importante o investidor se manter informado quanto às possibilidades do mercado”, afirma.
Maurício destaca que os fatores a se considerar quando se monta uma carteira de investimentos são estratégicos e que ele busca um equilíbrio entre a rentabilidade e o aumento patrimonial. É necessário também olhar o momento de vida da pessoa, qual a sua maior necessidade para montar uma carteira mais efetiva e específica para ela. A questão da mordida do leão pode estar relacionada com os custos dos investimentos, mas há investimentos que mesmo havendo a cobrança do IR oferece melhores opções de rentabilidade. “Então, nesses casos, vale a pena receber a mordida” afirmou Maurício Vono.