As marcas não estão bem com os consumidores. É um processo mal começado dentro do plano de negócio e previsivelmente mal acabado na prateleira. Mas, de fato, as empresas não conversam bem com o consumidor há décadas, ensaiaram uma melhoria no período de expansão da economia, mas, desde o início da recessão, em 2014, degringolou de novo.
Chegar bem ao cliente exige talento. O empresário bem-sucedido tem o mínimo. Seu negócio não teria deslanchado sem clientes. Os números mais recentes mostram que existe um desleixo com quem compra. Por exemplo, estudo recente da Kantar revela 76% dos consumidores não se sentem bem-tratados pelas empresas em suas propagandas.
O cliente e a forma de comprar mudaram, mas muitas empresas e marcas, não. O sucesso lá no passado, a fórmula “mágica” de vender, venceu. Hoje é outra forma de pensar e comprar, impulsionadas por mudanças comportamentais e transformações sociais enormes. Empresas pararam no tempo, baseada em um feeling do empreendedor que não soube dar novos passos. O cliente exige mais, está mais informado e mais propenso a romper fidelidades com marcas. Aliás, gosta de testar, de ter experiências (só para adicionar uma palavra que faz sucesso no mundo do marketing).
Empresas ainda erram posicionamentos simples, com não acertar o alvo do produto ao produzir suas peças (o diálogo) comerciais. Esquece que pode não ter duas ou três chances de “falar” com o cliente e não medem ou tem informações técnicas do target preciso do seu produto.
Os gestores de marketing e o executivo do negócio precisam ter maior capacidade de mudança para não chegar derrotado na prateleira. O efeito da internet, a diversificação de concorrentes dentro e fora do segmento, oscilação da renda dos consumidores de acordo com o cenário econômico, as questões do empoderamento e do orgulho da ascensão social e a resistência aos modelos tradicionais de comunicação são pontos fundamentais nesta virada e neste novo diálogo marca e consumidor. Ou seja, não vem com conversa fiada com o consumidor.