Quem nunca acordou em uma segunda-feira pela manhã, saiu para trabalhar e percebeu que precisava abastecer o carro? É preciso desviar o caminho, pegar um tráfego inesperado e, o pior, ao chegar ao posto, percebe que o preço do combustível está 20 centavos mais caro do que estivera na semana anterior.
Situações inconvenientes como essa são comuns, mas já fazem parte do nosso dia-a-dia e nos habituamos com elas. Mesmo assim, a possibilidade de carregar seu carro na tomada e não ter que passar mais por isso, atrai a atenção da maioria das pessoas, que esperam o momento em que poderão comprar seu carro elétrico – no Brasil eles, ainda, não estão acessíveis ao grande público.
Na verdade, essa situação apenas ilustra uma pequena melhoria incremental que a eletrificação veicular pode nos proporcionar, mas está longe de ser o principal avanço. Até mesmo porque, carros elétricos não são nenhuma novidade. Em 1899, o La Jamais Contente, um carro elétrico, foi o primeiro automóvel a ultrapassar os 100 km/h. Isso 20 anos antes da popularização dos veículos a combustão interna.
Há um contexto muito maior, em que as mudanças não são apenas tecnológicas, mas também comportamentais, que é o da mobilidade elétrica, inserida em um processo de transição energética. Hoje, vamos falar apenas do primeiro.
A mobilidade elétrica, em suma, é a eletrificação dos meios de transporte, ou seja, visa possibilitar a locomoção de pessoas e cargas através de veículos elétricos, como os próprios carros, mas também ônibus, caminhões, scooters, bicicletas e patinetes.
Mas por que isso é tão importante e por que precisamos disso? Na verdade, as pessoas estão ficando doentes por respirar. Soma-se a isso as mudanças climáticas aceleradas pela emissão de CO2 e que impactam diretamente nosso planeta. Esse contrassenso gerado pelo desenvolvimento urbano precisa ser enfrentado.
A eletrificação traz consigo a redução de emissão de gases poluentes nos centros urbanos. Há ainda a redução do uso de combustíveis derivados do petróleo. E, mesmo que a energia utilizada nos veículos seja oriunda de fontes não renováveis, a emissão desses gases acontece afastada dos centros urbanos, contribuindo para a melhora da qualidade do ar.
Além disso, essa “simples” eletrificação traz consigo diversos outros benefícios, como a redução de poluição sonora – veículos elétricos são muito mais silenciosos; o aumento de conforto do usuário – como o exemplo supracitado; e a redução de custos de manutenção – motores elétricos tem de 10 a 15 vezes menos peças do que os convencionais. Além de cômodo, é mais sustentável.
Isso sem falar no compartilhamento. Já vemos esse movimento com a micro mobilidade, patinetes e bicicletas de uso compartilhado, que estão espalhados pelos grandes centros urbanos. O mesmo poderá, e deverá, acontecer com os carros. Mais sustentável que ter é compartilhar! Um carro compartilhado, por exemplo, reduz de 6 a 9 veículos nas ruas.
Se a mobilidade elétrica já é uma realidade, a resposta é sim. Mesmo que, no Brasil, ainda seja caro um carro elétrico em comparação aos carros populares, já temos diversas cidades utilizando ônibus elétricos em suas frotas e patinetes, bicicletas e scooters, cada vez mais, fazem parte do nosso cotidiano. Resta-nos adaptar a essa nova realidade.